Estudo de gatos e auto-retrato
, 1898
Columbano Bordalo Pinheiro
Grafite sobre papel
14 × 21,1 cm
14 × 21,1 cm
assinado e datado
Inv. 1902
Historial
Adquirido pelo Estado, em 1969.
Exposições
Lisboa, 1980, 127, p.b.; Lisboa, 2007.
Bibliografia
Columbano Bordalo Pinheiro, 1874 – 1900, 2007, 211.
Adquirido pelo Estado, em 1969.
Exposições
Lisboa, 1980, 127, p.b.; Lisboa, 2007.
Bibliografia
Columbano Bordalo Pinheiro, 1874 – 1900, 2007, 211.
De 1878 datam os primeiros apontamentos de cenas de interior em que ele regista momentos do quotidiano da sua família, numa atmosfera de marcado intimismo. Dois desenhos captam este ambiente, com o pai, a irmã e uma criança, sentados à mesa. Num deles, c. 1878, as personagens dispõem-se de maneira a apoiar a linha de força que, marcada pelo contorno da mesa, atravessa a cena. O pai ocupa o centro, tal como a irmã, e ambos são caracterizados com mais pormenor, naquilo que parece ser um registo de volumes e sombras, assim como de definição espacial. O tratamento dos objectos – uma espécie de natureza morta no primeiro plano – e o sombreado na zona central da mesa assim o reafirmam.
Já em Paris realizara dois desenhos preparatórios para a grande composição interior que encerra esta fase, o Concerto de amadores. No primeiro deles são definidos o ambiente intimista da cena e o seu enquadramento espacial, assim como a estrutura que organiza a composição. Embora apontada em termos de luz, como o sombreado que envolve as personagens e as zonas claras das carnações e da saia da mulher em pé indicam, será porém no desenho seguinte que a cena ficará completamente definida quanto às personagens e ao tratamento lumínico. A linha fina e suave e as manchas compactadas dão lugar a um traço largo e anguloso que não define pormenores mas áreas de luz, em que as sombras se configuram como carregados conjuntos de traços paralelos, dispostos em direcções contrapostas. Às duas personagens centrais acrescentou Columbano mais duas figuras, que lhe permitem um termo de luz intermédio, e substitui a pianista por uma figura masculina ou, mais exactamente, substitui o claro vestido de cauda pelos negros do fato do homem e do espaço vazio que rodeia o banco. Ainda da estada em Paris conservam-se alguns apontamentos de tipos na rua e paisagens, tiradas nos jardins do Luxemburgo e das Tulherias (1881), realizados com a mesma liberdade e desenvoltura de traço e o sentido de mancha que veremos em composições como Na floresta de Fontainebleau.
Tal como na pintura, na segunda metade dos anos 80 Columbano
regressa no desenho a este tipo de cenas. Assim acontece em dois desenhos que têm por personagem principal o seu sobrinho Manuel Gustavo. Numa composição e tratamento de mancha semelhantes às anteriores, Manuel Gustavo e a irmã, à mesa, examinam papéis e livros. O inacabado do desenho impede determinar se a perda de intensidade nos contrastes e no traço da figura feminina, por oposição ao homem, se devem ao facto de a cena ser iluminada pelo candeeiro ao lado. Manuel Gustavo volta a aparecer, desta vez a tocar guitarra, num desenho de composição, roupas e fisionomia muito similares a este, o que permite aproximá-lo de 1887. No entanto, o carácter de esboço é em tudo maior.
Maria Jesús Ávila
Já em Paris realizara dois desenhos preparatórios para a grande composição interior que encerra esta fase, o Concerto de amadores. No primeiro deles são definidos o ambiente intimista da cena e o seu enquadramento espacial, assim como a estrutura que organiza a composição. Embora apontada em termos de luz, como o sombreado que envolve as personagens e as zonas claras das carnações e da saia da mulher em pé indicam, será porém no desenho seguinte que a cena ficará completamente definida quanto às personagens e ao tratamento lumínico. A linha fina e suave e as manchas compactadas dão lugar a um traço largo e anguloso que não define pormenores mas áreas de luz, em que as sombras se configuram como carregados conjuntos de traços paralelos, dispostos em direcções contrapostas. Às duas personagens centrais acrescentou Columbano mais duas figuras, que lhe permitem um termo de luz intermédio, e substitui a pianista por uma figura masculina ou, mais exactamente, substitui o claro vestido de cauda pelos negros do fato do homem e do espaço vazio que rodeia o banco. Ainda da estada em Paris conservam-se alguns apontamentos de tipos na rua e paisagens, tiradas nos jardins do Luxemburgo e das Tulherias (1881), realizados com a mesma liberdade e desenvoltura de traço e o sentido de mancha que veremos em composições como Na floresta de Fontainebleau.
Tal como na pintura, na segunda metade dos anos 80 Columbano
regressa no desenho a este tipo de cenas. Assim acontece em dois desenhos que têm por personagem principal o seu sobrinho Manuel Gustavo. Numa composição e tratamento de mancha semelhantes às anteriores, Manuel Gustavo e a irmã, à mesa, examinam papéis e livros. O inacabado do desenho impede determinar se a perda de intensidade nos contrastes e no traço da figura feminina, por oposição ao homem, se devem ao facto de a cena ser iluminada pelo candeeiro ao lado. Manuel Gustavo volta a aparecer, desta vez a tocar guitarra, num desenho de composição, roupas e fisionomia muito similares a este, o que permite aproximá-lo de 1887. No entanto, o carácter de esboço é em tudo maior.
Maria Jesús Ávila