Auto-retrato (inacabado)

, c. 1929

Columbano Bordalo Pinheiro

Óleo sobre tela

92 × 69 cm
Inv. 1119
Historial
Legado de Emília Bordalo Pinheiro, viúva do artista, em 1945.

Exposições
Lisboa, 1948; Lisboa, 1957, 90; Lisboa, 1980, 74 cor; Queluz, 1989, 29; Lisboa, 1994, 68.

Bibliografia
MACEDO, 1952, CXIII, cor; PAMPLONA, 1954, vol. I; LUCENA, 1957, 32; FRANÇA, 1967, vol. II, 266, p.b.; FRANÇA, 1979, 24, p.b.; Lisboa, 1980, 13, cor; FRANÇA, 1981, 86, p.b.; Paris, 1988, 45 p.b.; LAPA, 1994, 68, cor, 122; Caldas da Rainha, 1994, 26.
Uma das últimas obras do artista e o último auto-retrato, a que Columbano tencionava acrescentar o de sua mulher, à direita, no espaço mais claro da tela, mostra-no-lo – como
acontecera já com Antero de Quental – com uma diluída presença, quase fantasmagórica, onde apenas persiste a ideia de uma imagem.
O claro-escuro está assim diluído em nuances a que o inacabado acentua a presença da pincelada clara, anulando os limites das superfícies para consequentemente desmaterializar a figura num regime de intensidades. Tal como acontecia com o Auto-retrato de 1904 o motivo olho/luneta define uma elipse que funciona como centro visual da pintura. O olho escuro, por inteiro, sugere subtilmente a presença do vidro da luneta. Em torno deste motivo central desenvolve-se também elipticamente a sombra da aba do chapéu. O rosto iluminado e com ela contrastante, mais acabado, revela uma pose altiva em que coexiste a ironia de uma quase provocatória satisfação de um destino conquistado para lá do seu tempo.

Pedro Lapa