A fotografia, no século XIX, encontra-se numa encruzilhada entre indústria, ciência, comércio e arte, constituindo uma das marcas da entrada da cultura oitocentista na Modernidade e abalando profundamente as formas de representação artística e não artística.
A partir do seu lançamento público em França, em 1839, a fotografia foi prontamente integrada no contexto científico, artístico e comercial da sociedade portuguesa de Oitocentos, constituindo-se como um património valioso que cruza as mais diversas áreas do conhecimento e que estabelece um retrato inovador da sociedade e da cultura coevas.
Através da visitação do legado fotográfico produzido em Portugal, entre meados de 1840 e 1900, podemos entender como se elaborou esta nova cultura visual no nosso país, contribuindo para a compreensão de uma sociedade em profunda transformação.
Este projeto apresenta, pela primeira vez, um conjunto significativo de autores e fotografias provenientes dos mais importantes acervos públicos e privados da história da fotografia portuguesa, colocando em diálogo os acervos fotográficos de diversas instituições públicas que têm como missão a salvaguarda do património fotográfico nacional, realçando a necessidade e a premência de abordagens integradas no acesso, estudo e divulgação da fotografia portuguesa.
A vastidão e significado destas coleções em grande parte nunca divulgadas, não só não se esgota aqui e agora, como levou a um desdobramento em duas exposições, esta primeira, apresentada no MNAC-MC, em Lisboa, e a segunda, na Galeria Municipal Almeida Garrett, no Porto, de 30 de Maio a 16 de Agosto de 2015, em parceria com a Câmara Municipal.
Agradecemos a todas as instituições públicas e a colecionadores
privados terem aceitado participar neste projeto, primeiro contributo para uma moderna
historiografia da fotografia portuguesa.