MNAC - Rua Capelo

entrada: Condições Gerais

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2025-10-16
2026-02-01
Curadoria: Susana Lourenço Marques, Emília Tavares
A exposição O que elas viram, o que nós vemos apresenta a obra de três fotó­ grafas - Margarida Relvas (1867-1930), Mariana Relvas (1862-1952) e Maria da Conceição de Lemos Magalhães (1863-1949) - desenvolvida em Portugal entre o final do século XIX e o início do século XX.
Mostradas, pela primeira vez, de forma individual e em diálogo, estas obras oferecem urna leitura sobre a estética fotográfica de inspiração romântica e a sua evolução para urna abordagem pictorialista.
Resultado de urna parceria entre o Museu Nacional de Arte Contemporânea e o Museu do Porto, esta é a segunda e última de duas exposições, dedicadas ao trabalho destas fotógrafas, sucedendo-se à anterior mostra na Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio, Porto. 
Margarida Relvas e Mariana Relvas, respetivamente filha e se­ gunda mulher de um dos mais destacados fotógrafos amadores portugueses do século XJX, Carlos Relvas (1838-1894), produziram, sob a sua orientação técnica e estética, um conjunto de imagens cuja autoria lhes é reconhecida pelas fontes da época. Este reconhecimento permite integrá-las, de forma plena e sem reservas, no panorama autoral mais amplo de outras fotógrafas amadoras - e também profissionais - que, na sua maioria, permanecem desconhecidas ou ignoradas pela história da fotografia.
A obra de Margarida Relvas resulta de um diletantismo fotográ­ fico assurnido, apresentando-se corno eleve de son pere- urna identificação que reflete, no contexto de urna mentalidade oitocentista da alta burguesia mais progressista, a reivindicação do acesso das rnulheres a saberes técnicos para além da tradicional trilogia de desenhar, falar francês e tocar piano.
O retrato de estúdio, a paisagem e as naturezas-mortas são os géneros que mais cultivou, revelando um domínio técnico apurado e um olhar marca­ damente romântico.
Já Mariana Relvas afirma-se como um caso singular no pano­ rama fotográfico do século XIX português, ao surgir em coautoria com o seu marido, Carlos Relvas, sobretudo na produção de retratos de estúdio. As suas fotografias de paisagem, porém, revelam-na corno urna autora mais autónoma, ainda que urna das obras mais emblemáticas desta colaboração a dois sejao álbum fotográfico Hespanha França e Suissa (1889).
Maria da Conceição de Lemos Magalhães é, à luz da investi­
gação atual, a fotógrafa amadora mais prolífica e consistente do início do século XX.Com urna obra extensa, integrou o restrito círculo de entusiastas que procurou afirmar um movimento Pictorialista nacional, em diálogo com iniciativas congéneres internacionais. A paisagem, o trabalho rural e a representação feminina em ambientes naturais são os seus temas de eleição, explorando com mestria as possibilidades estéticas da natureza - sinal de um conhecimento atento dos desenvolvimentos artísticos da fotografia internacional da sua época.
Esta exposição resulta da investigação iniciada por Susana Lourenço Marques, sobre as fotógrafas amadoras Margarida Relvas, Mariana Relvas e Maria da Conceição de Lemos Magalhães, no âmbito do projeto WOMENPHOT.PT dedicado ao mapeamento e à divulgação do conheci­ mento sobre a atividade de fotógrafas em Portugal.

Susana Lourenço Marques
Emília Tavares