entrada: Condições Gerais
Tesouros da Fotografia Portuguesa do Século XIX
Técnicas Fotográficas
DAGUERREÓTIPO [c.1839 e c.1860]
Inventado por Jacques Louis Mandé Daguerre e anunciado publicamente em 1839. A imagem é simultaneamente negativa e positiva. O daguerreótipo é a primeira técnica fotográfica estável, na qual uma chapa de cobre é coberta por uma fina camada de prata polida e sensibilizada com vapores de iodo. A exposição é feita 15 minutos após esta sensibilização. A revelação é efetuada com vapores de mercúrio a 90ºC, durante aproximadamente 3 minutos. A imagem é depois fixada num banho de tiossulfato de sódio. Depois da fixação, a placa é coberta por uma solução de cloreto de ouro e aquecida sobre uma chama, no avesso da imagem, onde uma fina camada dourada se deposita na superfície. Finalmente, o daguerreótipo é colocado num estojo decorativo com um vidro de proteção. Os formatos standards das placas de Daguerre eram de 16,2 x 21,5 cm para as placas maiores ou, num formato menor e mais frequente, de 7 x 8 cm. [P.N.]
CALÓTIPO [c. 1840 – 1860]
Primeiro processo fotográfico que permite a reprodução de múltiplas imagens positivas (designados de papéis salgados) a partir de um exemplar negativo em suporte de papel (calótipo). A invenção de William Henry Fox Talbot (1800 – 1877), muitas vezes referida como talbótito ou desenho fotogénico, foi desenvolvida no mesmo período do que a da técnica do daguerreótipo. O processo permitia tempos de exposição mais curtos, dada a maior sensibilidade do negativo em papel, contudo, tinha a desvantagem de resultar numa imagem com menor nitidez, comparativamente ao daguerreótipo. Numa primeira fase, o papel é sensibilizado numa solução de nitrato de prata, passado em iodeto de potássio, seco e conservado longe da luz, sendo a reação de ambas as soluções que produz o iodeto de prata fotossensível. Horas antes da exposição, em câmara escura, o papel é novamente sensibilizado, desta vez numa solução de galo-nitrato-de-prata, sendo a imagem revelada noutro banho dessa solução e fixada com tiossulfato de sódio aquecido. O aspeto translúcido do papel deve-se à aplicação de uma camada protetora de cera de abelha ou óleo que tornava este suporte ideal para a impressão de positivos. [P.N.]
COLÓDIO HÚMIDO [1850-1895]
Em 1851, Frederick Scott Archer (1813 - 1857) inventa um método de obter negativos de colódio em placas de vidro que rapidamente se difunde na indústria fotográfica. Trata-se de um processo bastante complexo, uma vez que as placas exigem ser expostas e reveladas ainda húmidas. Porém, a ótima resolução da imagem num curto intervalo de exposição colmata as fragilidades das técnicas anteriores, revolucionando a fotografia ao aproximá-la da captura do instantâneo. A superfície de uma placa espessa de vidro é impregnada manualmente com uma solução de colódio (piroxilina ou algodão pólvora, álcool e éter). Depois de seca, a placa é sensibilizada num banho de prata e imediatamente exposta à luz, ainda antes de secar. A imagem é então revelada numa solução de protosulfato de ferro e lavada em água abundante, posteriormente fixada em banho abundante de hipossulfito de sódio e envernizada. Os processos mais usados para a obtenção de positivos de colódio húmido foram a impressão de provas de contacto em papel albuminado, amplamente popularizada no famoso formato carte-de-visite patenteado por Disdéri (1819 – 1889), o ambrotipo e o ferrotipo ou a técnica de impressão fotomecânica da fototipia. Entre 1850 e 1860 foram desenvolvidas várias experimentações para a obtenção do processo do colódio seco, que veio facilitar a sensibilização das placas.[P.N.]
GELATINA SAL DE PRATA [c. 1875 até à atualidade]
Apesar
de contar com contributos diversos, deve-se a Peter Madwdsley (1824-1881) o
desenvolvimento do primeiro processo de obtenção de negativos em gelatina sal
de prata, em 1873. Este processo é a base de todos os processos modernos de
fotografia analógica até hoje, e teve diversas aplicações
positivas segundo o mesmo princípio químico. Inicialmente foi utilizado em
placas de vidro e posteriormente em nitrato, acetato de celulose e poliéster. A
substância fotossensível para a obtenção de negativos era inicialmente uma
solução quente gelatinosa à qual se juntava brometo alcalino e nitrato de
prata, originando um precipitado de brometo de prata, altamente sensível à luz.
As primeiras placas de vidro podiam
permanecer sensibilizadas durante vários meses e reveladas dias após a
exposição. No final do século XIX, surge um novo suporte fotográfico flexível:
a película em nitrato de celulose, um material leve, disponível num pequeno
rolo fácil de transportar e que permite o registo de vários negativos. Outros
derivados da celulose, os acetatos, surgem já na década de 20 do século XX,
substituindo a película de nitrato altamente inflamável e deteriorável. O
desenvolvimento da indústria dos plásticos trará, nos anos 60, suportes em
polímeros resistentes. [P.N.]