Mário Eloy

Lisboa , 1900 Lisboa , 1951

Um carácter desequilibrado e uma doença psicomotora degenerativa, que acabarão por conduzir Eloy, em 1945, ao internamento num hospital para alienados mentais até à sua morte, rodeariam a vida e a obra do pintor de uma áurea de artista desequilibrado e maldito, provocando, por vezes, leituras redutoras. Regista-se uma breve passagem pela Escola de Belas-Artes (1912–13), que logo abandonaria insatisfeito com o ensino académico, e uma fuga para Madrid em 1919. No seu regresso começa a pintar a óleo, claramente influenciado pela tradição naturalista de Columbano Bordalo Pinheiro, a que se seguirá a de Eduardo Viana, que introduz novas referências modernas no seu trabalho. Ambas as vias estarão presentes na primeira exposição individual em 1924. No ano seguinte parte para Paris onde vai absorvendo, com celeridade, experiências provenientes de nomes e movimentos diversos, como Cézanne, Picasso, Matisse, que integra numa leitura pessoal. Mas será o conhecimento da pintura de Van Dongen, Kokoscha e Hoffer que abrirão o seu trabalho para o Expressionismo e o encaminharão em 1927 para Berlim. Aqui permanece até 1932, com viagens frequentes a Lisboa, onde apresenta individualmente a sua obra, da qual representa tipos populares portugueses e alguns retratos. Participa na vida artística berlinense como ilustrador de revistas (Der Querschnitt) e em exposições colectivas importantes. Já em Lisboa participa activamente nas mais importantes exposições aqui organizadas, obtendo o prémio Amadeo Souza-Cardoso. Mas em 1935, a sua obra começa a transformar-se acusando já sinais do processo de distanciamento do mundo causados pela sua doença, e a desrealização de cenas quotidianas, a inquietação, a tortura e a angústia pontuam o conjunto de pinturas e desenhos da fase final.

Maria Jesús Ávila