Bailarico no bairro

, c. 1936

Mário Eloy

Óleo sobre tela

80 × 100 cm
assinado
Inv. 1586
Historial
Adquirido pelo Estado a Francisco Lage, em 1954.

Exposições
São Paulo, 1953, 25; Lisboa, 1958, 39; Porto, 1958, 39; Brasília, 1976, 14, p.b.; São Paulo, 1976, 14, p.b.; Rio de Janeiro, 1976, 14, p.b.; Londres, 1978, 68, p.b.; Munique, 1980, 1; Lisboa, 1982, 52, p.b.; Lisboa, 1985, s.n.º, p.b.; Queluz, 1989, 119; Osnabrück, 1992, 296, cor; Lisboa, 1996; Frankfurt, 1997, 74, cor; Lisboa, 1997, 74, cor; Lisboa, 1998, 65, cor; Castelo Branco, 2001, 24, cor; Lisboa, 2002; Lisboa, 2008.

Bibliografia
II Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo, 1953, 25; MACEDO, 1954, 7-15; Exposição Retrospectiva da Obra (...), 1958, 39; MACEDO, 1958, s.n.º, p.b.; FRANÇA, 1974, 283; Arte Portuguesa Contemporânea, 1976, 14, p.b.; Portuguese art since 1910, 1978, 68, p.b.; TANNOCK, 1978, 27, cor; Zeitgenössische portugeisische kunst, 1980, 1; AZEVEDO, 1982, 52, p.b.; SEGURADO, 1982, 62, p.b.; GONÇALVES, 1985, s.n.º, p.b.; GONÇALVES, 1986, 57, cor; MNAC: Colecção de Pintura Portuguesa, 1989, 119; GONÇALVES, 1992, 296, cor; SILVA (et al.), 1994, 147, cor; DIAS, 1995, 40; SILVA , 1995, 386; Lisboa de Santo António, 1996, 56, cor; SILVA , 1996, 161, cor; HENRIQUES, 1997, 74, cor; GONÇALVES, 1998, 65, cor; SILVA , 1998, 48, cor; «Modernismo sem vanguarda», 2000; SANTOS, 2001, 24, cor; Diferença e Conflito: o Século XX nas Colecções do Museu do Chiado. [Programa], 2002, s.n.º, cor; SERRÂO, 2002, 169, cor
O desenvolvimento de grandes superfícies e atmosferas monocromáticas, presente ao longo da obra do artista, atinge neste quadro o auge, por via dos violentíssimos azuis ultramarinos. Tal facto poderá constituir fonte arqueológica de subsequentes atitudes na moderna pintura portuguesa. Uma vontade de remontar a uma ingenuidade, que o próprio tema não desmente, constitui outro aspecto marcante. As figuras são realizadas de modo esquemático, por vezes só pelo contorno, envoltas numa auréola de cor mais clara e desproporcionadas em relação ao casario que acusa influências cubistas e sugere um certo antropomorfismo. Uma escadaria irracional surge vagamente inquietante no primeiro plano, enquanto algumas distorções na perspectiva dinamizam uma visão do conjunto e lhe imprimem uma incontida euforia. O espaço torna-se uma caricatura do próprio espaço, onde à frieza petrificada dos seres, característica de obras anteriores, se sobrepõe o absurdo da relação dos seres e objectos. Transforma-se assim numa projecção do sujeito que codifica e produz um mundo pela linguagem do seu inconsciente. A metade esquerda do quadro apresenta traços paranóicos inquietantes e depressivos, ao passo que na metade direita a euforia dos pares dançando contamina e contorce a perspectiva. Assiste-se a uma generalizada disseminação do sujeito na cadeia de significantes e a alegoria de que a cena se reveste surge como uma defesa e resistência a esse movimento que se propaga às obras subsequentes.

Pedro Lapa