Auto-retrato

, 1936-1939

Mário Eloy

Óleo sobre tela

35 × 27 cm
assinado
Inv. sec 0445
Historial
Colecção Ministério da Cultura. Depositado no MNAC – Museu do Chiado em 1996.

Exposições
Lisboa, 1939, 44; Lisboa, 1952; Lisboa, 1958, 44; Porto, 1958, 44; Castelo Branco, 1968, 31; Barreiro, 1972, 2; Lisboa, 1975, s.n.º, p.b.; Porto, 1980, 63; Porto, 1985, 17, p.b.; Bruxelas, 1986, 17, cor; Osnabrück, 1992, 300, cor; Lisboa, 1994, 34, cor; Lisboa, 1996, 81, cor.

Bibliografia
4.ª Exposição de Arte Moderna, 1939, 44; DACOSTA, 1943, s.n.º, p.b.; Exposição Retrospectiva da Obra do Pintor Mário Eloy (…), 1958, 44; 83 Obras da Colecção do SNI, 1968, 31; Alguns Caminhos da Pintura (…), 1972, 2; Exposição de 100 Obras do M.C.S., 1975, s.n.º, p.b.; Programa e Elenco das Obras (…), 1980, 63; SEGURADO, 1982, 71, p.b.; Pinturas Portuguesas: Obras Destinadas (…), 1985, 25, p.b.; MARÍN, 1986, 91, p.b.; Le XXème au Portugal, 1986, 17, cor; GONÇALVES, 1992, 300, cor; O Rosto da Máscara: a Auto-Representação (…), 1994, 34, cor; SILVA, 1995, 387; SILVA, 1996, 81, cor; SILVA, 1998; SILVA, 1999, 95, cor.



Desde inícios da sua trajectória que Mário Eloy adoptou a auto-representação como via de exteriorização subjectiva do mundo e dele próprio, avançando progressivamente o seu olhar sobre ele próprio de uma visão ingénua ou feliz na espontaneidade e amabilidade das cenas em que se inscreve, pacífica ou calma no seu classicismo construtivo, desconfiada e temerosa de um mundo que sente progressivamente mais agressivo, até chegar aos desenhos finais em que a violência e ameaça se concretizam em cenas desregradas e brutais. Este auto-retrato, o último que realizou na pintura, mantém relação com um outro realizado nos inícios da década de 30 no seu enquadramento, na pose, na sua conformação alongada, na iluminação superior do lateral direito e mesmo na valorização dos volumes. No entanto o tratamento cromático, que apoia nos violentos contrastes entre o verde do fundo e o carmim do rosto, mercê dos quais o rosto se destaca com força daquele, introduzem uma nota inquietante. Da mesma forma, o domínio de formas curvas que a aplicação da cor vem sublinhar, através de gradações tonais que multiplicam as linhas dos contornos em arrastadas e concêntricas pinceladas, em que a matéria cromática se adensa, confere uma outra violência e dramatismo. Mas será, sobretudo, o olhar oblíquo que se esquiva ao espectador que afasta o rosto do artista, impossibilitando o encontro entre ambos, e assim manifestando a inquietação e o isolamento do artista de um mundo que via desagregar-se aceleradamente à sua volta e prenunciando a queda final.

Maria Jesús Ávila