Fazer retratos e olhar para o outro sempre foi uma forma de José Pedro Cortes pensar a realidade que nos rodeia. Como criador de imagens, aceita a complexidade deste tempo, a sua fabricação e os seus impulsos, a sua vulnerabilidade e beleza, que não permite leituras dogmáticas. Em contraste
com o realismo neoliberal, as suas imagens afirmam a necessidade de não nos deixarmos subordinar à visão pragmática da vida, porque a realidade não é mecânica, linear ou numérica, mas um desafio que diariamente exige atenção e reflexão. Nestas salas, percorremos homens e mulheres que nos olham, outros que sensualmente se acariciam na cama ou observamos um grupo de amigos que languidamente descansa num relvado, numa tarde de verão. Não há geografias ou tempos, e, enquanto, espectadores das fotografias de José Pedro Cortes, somos voluntariamente convidados a fazer movimentos rápidos, lentos, intensos, que vão do interior para o exterior, percorrem os centros e as margens e que tentam encontrar a vida, mas também o esqueleto e a ruína que o tempo deixa na sua passagem.