LIVE INTERFACES
INTER-FACE é a segunda ICLI
- International Conference on Live Interfaces. A primeira aconteceu em 2012, em Leeds, Reino Unido. Em Lisboa, a programação
incluirá instalações interativas, performances, comunicações orais,
workshops e posters-demonstrações. A conferencia recebeu 105 candidaturas oriundas
de 14 países, e a seleção foi feita por uma equipa internacional de
especialistas. A INTER-FACE vai reunir muitos investigadores e
artistas - desde jovens com carreiras emergentes, a pioneiros da música
computacional e da composição interativa.
Os computadores são tabula rasa. A ação física é mediada pelo código
do software, e o software é feito de acordo com teorias que implicam
propósitos e critérios específicos. Por exemplo, uma interface pode
aplicar o estudo dos nossos mecanismos naturais de perceção, de modo
a criar uma sensação de interação “imediata”. Ou então, uma interface pode
ser deliberadamente difícil, de modo a potenciar a expressividade
musical. O problema é que tendemos a assumir as teorias implícitas no
software como garantidas. No dia-a-dia habituámo-nos a ver os computadores
como caixas negras e mágicas que nos poupam trabalho. Quando a caixa negra
funciona esquecemo-nos das suas origens; quanto mais ciência e tecnologia
se seguem, mais opaca e obscura se torna, e mais nos distanciamos da
computação enquanto material criativo.
A INTER-FACE pretende questionar os princípios subjacentes ao design
de interfaces. Podem existir grandes diferenças entre perspetivas
artísticas, de design de produto, ou de engenharia, por exemplo.
Possivelmente, a arte não tem propósito para além de si mesma, o que
nos convida a deslocar o nosso modo de perceção habitual, pragmático. No
entanto, muitas vezes fala-se de arte como se devesse gerar lucro
comercial, resolver o desemprego, educar crianças, ou entreter as massas.
Ao acolher uma diversidade de perspetivas, INTER-FACE pretende criar
um espaço múltiplo que questiona as suas convergências e divergências, e o
modo como se manifestam no design de interação.
A INTER-FACE promete quatro dias muito intensos. Poder-se-ão ver
interfaces concebidos para os mais diversos contextos, atuando mediante
instrumentos acústicos, ondas cerebrais, impulsos musculares, a posição de
um peixe num aquário, gelo a derreter, tecido têxtil, água... para
nomear alguns exemplos. Haverá performances sonoras e visuais de todo o
tipo, desde a chamada música experimental, passando pela música
ambiental e o noise, até música de dança.
O Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado acolhe as instalações e
uma performance. A Faculdade de Belas Artes acolhe as comunicações
orais e um workshop. O IADE acolhe os outros workshops. A Escola de Música
do Conservatório Nacional e a ZDB acolhem as performances. O Conservatório
também acolhe a sessão de posters e demonstrações.