Esta apresentação do acervo do museu foi motivada pela exposição Pine Flat de Sharon Lockhart, que decorre em simultâneo. Partindo de premissas semelhantes, que consistem num confronto entre duas categorias tão recorrentes da história de arte – o retrato e a figura na paisagem –, obras de artistas e épocas diferentes foram agrupadas por estas categorias e de modo não cronológico. Na primeira galeria, dedicada ao retrato, estão expostos sete conjuntos que produzem diferentes perspectivas sobre as construções das identidades, como sejam: o verismo, a identidade como expressão, a deslocação da identidade, a retórica social da imagem de si, o sujeito e a melancolia, sujeito e morte ou a identidade como outro.
As galerias seguintes do museu são dedicadas à figura na paisagem. Uma primeira parte centra-se na figura isolada. Estas figuras constroem, através de seis conjuntos, o comportamento e a acção de algumas interrogações sobre o homem no mundo: a variação da relação perceptiva, a paisagem como lugar de desejo, a paisagem enquanto espaço introspectivo, como lugar irónico das condições de produção do sujeito, território de apreensão e de desastre, ou ainda espaço de possibilidade e vontade. Numa segunda parte, a paisagem transforma-se num conjunto de forças entre sujeitos e é habitada por grupos. De espaço de intimidade amorosa a lugar alegórico, configura também o da relação da identidade com o todo ou o de um processo de transformação da vontade.
Pedro Lapa
Director do Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea