Ryan Trecartin (1981) é um dos mais inovadores artistas a trabalhar em vídeo na actualidade. Os filmes de Ryan Trecartin são uma mistura de artes performativas, sitcoms e hipnóticas colagens digitais, como se fossem o resultado de uma colaboração entre Bosch e Keith Haring, ou como se o Facebook tivesse tido um pesadelo.
Filmado num antigo templo maçónico em Los Angeles - um labirinto de cinco andares de salas grandes e cavernosas, semelhante a um centro de convenções sem janelas - "Temple Time" desenrola-se como uma expedição de um grupo de amigos, num filme de terror, a um terreno de acampamento selvagem. Explorando uma ideia alternativa de uma região selvagem assustadora, as personagens falam sobre o que vêem em vez de como se sentem, dando a impressão de que tudo o que encontram é uma descoberta. Para algumas personagens, essas descobertas surgem como memórias de acontecimentos que estão prestes a repetir-se - o passado e o futuro parecem ocorrer simultaneamente através de camadas sobrepostas de realidade. O uso de diferentes tecnologias de captura de vídeo - incluindo câmeras portáteis, drones e câmeras de ação GoPro montadas nos corpos dos actores - oferece inúmeras perspectivas e pontos de vista, reforçando a exploração das descontinuidades cinematográficas de Ryan Trecartin.
Trecartin colabora com actores provenientes da sua família ou círculo de amigos, para operar sofisticadas manipulações digitais com materiais retirados da Internet e da cultura pop, animações selvagens e estetizantes cenários e performances. O seu trabalho despoleta mundos onde a cultura consumista é amplificada até atingir qualidades absurdas ou proporções niilistas, onde as personagens procuram encontrar um sentido para as suas vidas. Com um uso virtuoso de cores, formas, actuações histéricas e montagens alucinantes, produz sublimes efeitos que se aproximam a uma desconhecida e verdadeira forma da realidade.