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Platon’s mirror (2010)

Mischa Kuball

2012-06-21
2012-07-29

A partir dos anos 90, a luz tornou-se o tema central na obra de Mischa Kuball. Cruzando os campos da fotografia, do vídeo e da instalação, o artista explora as diferentes dimensões da luz, e das suas declinações (obscuridade, sombra, reflexo…), desde a esfera privada do espaço habitacional até à escala urbana da arte pública. Para Kuball, a luz não se limita a um fenómeno visual, dado que potencia a tomada de consciência e, consequentemente, a intervenção. Nesse sentido, as suas instalações lumínicas, com um caráter assumidamente conceptual, reinterpretam referências históricas ou filosóficas, convertendo frequentemente o espaço arquitetónico em palco e o espectador em ator.

O título desta instalação (platon’s mirror) sugere, desde logo, a intenção de Mischa Kuball de evocar um dos textos mais influentes da filosofia ocidental - A Alegoria da Caverna inserido no Livro VII de A República de Platão. Contudo, a proposta de Kuball, ao criar um espaço imersivo em que o espectador se confronta, simultaneamente, com o seu reflexo, a sua sombra e o reflexo dessa sombra, mais do que discutir a relação entre a realidade física, a ilusão das imagens projetadas e a verdade do conhecimento, visa questionar o contexto em que as imagens, construídas pela luz, se revelam como uma meta-realidade. Uma realidade que, em limite, corresponde à condição da obra de arte e, talvez, do próprio observador; “e tudo isto [como diria Didi-Huberman], para acabarmos por ser nós mesmos tão-só uma imagem”.

Helena Barranha

A instalação que agora se apresenta na Sala Polivalente do MNAC – Museu do Chiado, em colaboração com o Instituto Goethe, inscreve-se no circuito internacional do projeto platon’s mirror, exposto pela primeira vez, em 2010, no ZKM - Zentrum für Kunst und Medientechnologie, em Karlsruhe.