James Coleman (n. 1941, Irlanda) é um dos artistas mais relevantes na cena artística contemporânea. Desde a década de 70 que apresenta o seu trabalho em museus e galerias internacionais. Numa selecção das suas exposições individuais figuram: Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris, Paris (1989), Dia Center for the Arts, Nova Iorque (1994-95), Kunstmuseum Luzern, Lucerna (1995), Centre Georges Pompidou, Paris (1996), Vienna Secession, Viena (1997), Palais des Beaux Arts, Bruxelas (1999), Fundació Antoni Tàpies, Barcelona (1999), Kunstbau Lenbachhaus, Munique (2002), Sprengel Museum Hannover (2002). Coleman participou também em inúmeras exposições colectivas internacionais, incluindo a documenta de Kassel. O seu trabalho está representado em algumas das mais importantes colecções mundiais, por exemplo a do Museum Ludwig, Colónia, do Centre Georges Pompidou, Paris, da Tate Gallery, Londres, ou da Fundació La Caixa, Barcelona, entre outras.
O trabalho de James Coleman emerge no final da década de 60, num contexto de profundas alterações e de preocupações com a redefinição do objecto artístico. Os seus trabalhos iniciais, incorporando encenações teatrais, são regularmente apresentados em projecções de grande escala, que utilizam projectores de slides com narração sonora sincronizada. Estes trabalhos iniciais, como Slide Piece (1972-73), fazem uso da linguagem verbal enunciada de modo retórico, que revela formas interrelacionadas de produção de significado, através da linguagem, da imagem e do espaço; um tema que continua a ter uma presença distinta nos trabalhos mais actuais.
O trabalho de James Coleman redefine profundamente os conceitos de representação e imagem, desenvolvendo implicitamente um discurso sobre a reinvenção do próprio médium. Em trabalhos como Playback of a Daydream, 1974, e Seagull, 1973 (2002), incluídos na exposição do Museu do Chiado – MNAC, Coleman aprofunda estas preocupações através de uma exploração da forma como as teorias contemporâneas da psicologia da percepção, da filosofia da linguagem e do teatro, podem ser utilizadas para questionar o assunto e o objecto de arte. Adaptando media tecnológicos comerciais, como a fotografia e o cinema, para formas artísticas, como em La Tache Aveugle (1978-90), o artista incita o espectador a uma reflexão sobre as mudanças ocorridas nos âmbitos sócio-políticos e culturais. O espectador é convidado e encorajado a contemplar o acto de percepção e interpretação no espaço de exposição, que é especificamente desenhado para acomodar o seu posicionamento subjectivo durante a visualização da obra.
As preocupações do artista com os sistemas de comunicação são evidentes no trabalho que desenvolve nas décadas de 80 e 90. Charon (MIT Project), 1989, incluído nesta exposição, pode ser entendido como o seu trabalho mais explicitamente auto-reflexivo sobre a fotografia, cuja influência directa e activa na construção da memória individual e social, juntamente com a identidade subjectiva, é encenada em episódios narrativos separados, mas interrelacionados.
Noutros trabalhos deste período (Background, 1992 e INITIALS, 1994), James Coleman continua a sua investigação sobre as condicionantes psicológicas, sociais e históricas da percepção, explorando estereótipos culturais, visuais e literários que sublinham o modo como a nossa percepção do mundo é filtrada através de imagens.
Com Lapsus Exposure, 1992-94, também incluído na exposição, a autoridade da fotografia, enquanto pretensa autenticidade documental e memória histórica, é posta em causa. Este trabalho reflecte sobre a presença recíproca da encenação teatral e do discurso oral incorporados na imagem fotográfica, transformada pelo advento da fotografia digital.
A exposição no Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea, a primeira de James Coleman em Portugal, divide-se em duas partes. A primeira parte traça um percurso pela obra do artista, através da apresentação de seis trabalhos concebidos entre 1970 e 1994, como por exemplo Pump (1972), La Tache Aveugle (1978-90) ou Lapsus Exposure (1992-1994). A segunda parte (com inauguração no dia 6 de Janeiro) prolonga este percurso até à actualidade, com a estreia mundial do mais recente trabalho de James Coleman, produzido para esta exposição.