Dentro dos parâmetros da cultura visual ocidental, ao exemplificar o lugar e a visão como a inteligibilidade, o espaço vivido encontra-se, geralmente, confrontado com o imperativo de transparência enquanto ferramenta para a criação de um espaço abstracto homogéneo, necessário para a sua concepção enquanto estrutura do poder.
Na instalação de Mário Afonso, a utopia mental projectada no objecto inacessível constitui um signo evidente. A obscuridade não se encontra na solidez da muralha sem transparência. Não se trata do objecto escondido atrás da parede. O que realmente se revela é um espaço representativo da nossa intimidade cheio do imaginário que não obedece às regras da coerência e da transparência.
Bojana Bauer
Co-produção: Temps d'Images, Bains::Connective, Fundação EDP
Financiamento: Ministério da Cultura/Direcção Geral das Artes