Echoes of Nature – Manuela Marques
O percurso de Manuela Marques é um dos mais singulares e internacionais da fotografia portuguesa. Apresenta em Portugal, pela primeira vez, uma exposição que congrega vários dos seus trabalhos fotográficos e videográficos, realizados entre 2018 e 2022, como parte integrante de um tríptico expositivo que incluiu apresentações anteriores, no MuMa, (Musée d’art moderne André Malraux), Le Havre, e no Centre d’art Domaine de Kerguéhennec, Bretanha, França.
Echoes of Nature, pauta-se pela observação e pensamento sobre a paisagem e o meio natural nas suas mais variadas facetas, colocando em diálogo discursos científicos, percecionais e estéticos. É a partir de territórios continentais, França e Portugal, e insulares, arquipélago dos Açores, que tem construído um corpo de imagens que elaboram uma abordagem arqueológica sobre a natureza da imagem fotográfica e uma deambulação fenomenológica sobre o conceito artístico da paisagem.
Possuindo uma técnica e um rigor estético notáveis, Manuela Marques aborda a matéria experimental da fotografia em muitas das suas dualidades. Entre uma realidade pulsante e um idealismo verista, uma conceção cartesiana do mundo e um último olhar sublime, transcendental e romântico, e ainda entre a mimesis artística do lugar e a imitação da natureza pela arte.
A observação física da natureza e dos seus fenómenos é registada numa perspetiva de diálogo entre os processos operativos naturais e a constituição da imagem fotográfica. A dimensão telúrica da natureza é um eixo fulcral de muitos destes trabalhos, realizados no vulcão dos Capelinhos, na ilha do Faial, Açores, como por exemplo a série Topographies. Algumas destas imagens evocam os “mistérios”, formações lávicas que marcaram a terra e o espírito dos seus habitantes; e a sua observação implica um “stupor”, um silêncio imposto pela transcendência da visão, pela sua incomensurabilidade, ao qual se associa outro conceito partilhado com a imagem fotográfica, o de Revelação.
No vasto conjunto de imagens aqui apresentado, existe uma permuta percetiva e ontológica entre fenómenos naturais e fotográficos, como o sugerem os títulos: Reflexão, Réplica, Superfície sensível, ou Extração. Desta forma, a matéria da vida torna-se, também ela, um inesperado campo de mediação entre a realidade e a sua própria representação, desafiando o território do fotográfico.
Emília Tavares
...................................................................................
É representada pela Galeria Anne Barrault, em Paris.
Tem mostrado o seu trabalho de fotografia e vídeo regularmente em várias instituições tanto em França como internacionalmente. Recentemente apresentou exposições individuais no Museu da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, em Cellier, Reims, França (2017); no Aurillac Museum, França, e no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, Portugal (2016); no Château d' Eau, Toulouse, França; no Centre Régional de la Photographie du Nord-Pas-de-Calais, France, e na Fundação Calouste Gulbenkian, Paris (2014).
Em 2011, na sequência de uma exposição em que combinou a fotografia e a vídeo instalação no Museu Coleção Berardo, Lisboa, foi distinguida com o prémio BESPhoto, 2011. Neste mesmo ano, o seu trabalho foi apresentado na Estação Pinacoteca, São Paulo. Em 2019 realizou exposições no Lodève Museum (França), La-Roche-sur-Yon (França), no Arquipélago Centro de Artes Contemporâneas (Açores) e no Centre D' Art-Domaine de Kerguéhennec (France).
Está representada em várias coleções nacionais e internacionais.
Datas de exibição: 21 de outubro 2022 – 29 de janeiro 2023
Sala Polivalente e Piso 1
Exposição no âmbito da programação da Temporada Portugal-França 2022