António Soares (1894-1978) permanece o único artista relevante do Primeiro Modernismo português que não foi ainda objeto de uma Retrospectiva cientificamente orientada.
Pintor, desenhador, ilustrador, artista gráfico e publicitário, cartazista, cenógrafo, figurinista e designer, António Soares repartiu-se por uma multiplicidade de atividades que marcaram o percurso da Arte Moderna em Portugal.
Artista autodidata, desenhador de expressão simultaneamente francesa (Steinlen) e alemã (o Humorismo germânico), com extensa atividade nos Anos Dez, Soares renovou o seu imaginário quando da visita à magna Exposição das Artes Decorativas e Industriais Modernas de Paris, em 1925.
Um decisivo gosto Art Déco, de inspiração fauve, cubista e expressionista, marcou, desde então, a sua prática de pintor e desenhador, que estendeu às Artes Gráficas e publicitárias, ao Teatro de Revista, do qual foi renovador Moderno, ao desenho de stands e espaços de exposições, de interiores e ambientes, convertendo-se simultaneamente em Designer de vasta influência.
Nos Anos Trinta, o seu imaginário aquietou-se num «Regresso à Ordem» oficializado, sob a matriz espiritual e formal de Columbano.
Jogando entre valores Modernos e Académicos, numa via singular, António Soares foi, então, um Maneirista Moderno, prosseguindo no registo requintado de retratos e de composições decorativas de larga escala, onde a alegoria, a História e o Símbolo confluem.
Premiado pelo SNI (duas vezes Prémio Columbano), prossecutor de atividade de decorador e designer, Soares manifestou, desde os Anos 50 e até à sua morte, a revisitação amaneirada do seu tempo e da sua obra, executando sensíveis paisagens, retratos, cenas de género e composições históricas, sem deixar de exercer manifesta influência sobre a Primeira Geração de Designers Portugueses.
Esta exposição é realizada em parceria com o Museu Nacional do Teatro e da Dança, onde se apresentará simultaneamente a obra teatral do artista, desenhos originais, fotografias e
programas de teatro.