XX e é urgente que o conhecimento da sua obra possa complementar, desenvolver e
trazer nova luz sobre muitas questões relativas ao curso da prática escultórica. A presente exposição é a primeira realizada fora de Espanha desde que o artista expôs na Bienal de S. Paulo, em 1957, para nunca mais voltar a fazer aparições individuais no plano internacional, excepto na Bienal de Veneza, em 1988, quando uma geração jovem de escultores o reclamou como matriz do seu trabalho, ainda que o contexto geral da exposição o tenha desiludido profundamente. Não sendo a grande retrospectiva da sua obra, esta exposição consiste no enfoque de uma determinada fase, através da reconstrução da exposição com que representou a Espanha precisamente na Bienal de S. Paulo e onde ganhou o prémio internacional de escultura. Curiosa ironia do destino que nesta elipse consagrou dois países de língua portuguesa para acolherem a descoberta e redescoberta do seu trabalho num plano internacional. Isto para os que não tiveram oportunidade de visitar a Fundação Jorge Oteiza em Alzuza ou os núcleos representativos das colecções do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia de Madrid e do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona de modo a conhecer a sua escultura, sempre menos acessível que outros artistas da sua geração pelo voluntário isolamento que Oteiza procurou.
A sua vasta obra construtivista seguiu caminhos muito diversos para além da escultura como a poesia, a antropologia mítica, a linguística e história da língua basca, que se
interligaram numa procura da totalidade constitutiva do homem. De resto, é no sentido de uma investigação global que o escultor denominou o propósito experimental da sua escultura.O conjunto de 29 esculturas apresentado em S. Paulo, mais as 14 posteriormente realizadas e incluídas nesta exposição, consistem numa investigação sobre a relação da massa escultórica com o espaço vazio e a forma energética como este aspecto determina a própria relação da escultura com o sítio que ocupa. Neste sentido antecipa uma série de preocupações que a escultura da década seguinte virá a abordar.
Gostaria assim de felicitar o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Espanha e em particular a sua Dirección General de Relaciones Culturales y Científicas e a Sociedade Estatal para a Acção Cultural no Exterior por este importante projecto de divulgação de arte espanhola e por esta magnífica exposição de Jorge Oteiza. Agradeço à embaixada de Espanha em Lisboa, na pessoa do seu embaixador Carlos Carderera Soler e à conselheira cultural, Almudena Mazarrasa, o empenho profundo que permitiu concretizar este projecto.Um agradecimento especial para Juan Huarte Beaumont, amigo, mecenas e coleccionador de Jorge Oteiza e Presidente da Fundación Museo Jorge Oteiza. Os meus parabéns vão para o comissário da exposição e director do Museu Jorge Oteiza, Alberto Rosales, pelo trabalho fascinante e verdadeiramente digno do escultor que nos apresenta neste catálogo e exposição.
Pedro Lapa
Director do Museu do Chiado - Museu nacional de Arte Contemporânea