antonio pedro - poeme dimensionel
antonio pedro - poeme dimensionel

MNAC

entrada: Condições Gerais

Desenhos

António Pedro

1999-04-22
1999-06-20
Curadoria: Pedro Lapa
A presente exposição de António Pedro constitui um enfoque específico sobre alguns aspectos da diversificada produção do artista. A sua pintura foi já alvo de uma exposição retrospectiva realizada em 1980, pela Fundação Calouste Gulbenkian e comissariada por José-Augusto França, amigo de sempre do artista. Um extenso catálogo reuniu além das imagens das obras expostas, muitas daquelas que desapareceram a par de uma completa documentação. Por seu turno, a Biblioteca Nacional organizou, em 1982, uma exposição de "Desenhos e Manuscritos" dedicada ao espólio do artista que conserva. Decorridos estes anos, o tempo trouxe novas perspectivas de abordagem e avaliação da modernidade. Impunha-se assim ao Museu do Chiado completar a apresentação deste pioneiro do Surrealismo em Portugal, porque também é disso que se trata nesta exposição, e simultaneamente revalorizar trabalhos que o nosso presente descobre com outro entusiasmo.
Pretende esta pequena exposição, mais o catálogo que a acompanha, fazer um balanço do que foi o Dimensionismo de António Pedro na década de 30, anterior à aventura surrealista e que de alguma forma reactivou algo das van­guardas do início do século XX. De facto, a poesia visual, hoje sujeita a novas valorizações, que têm como marcos a geração do Orpheu e a Poesia Experimental de 70's, encontra nos trabalhos de António Pedro, um momento extremamente significativo e pouco estudado, quando não mesmo esquecido. Por outro lado, os desenhos surrealistas, posteriores àqueles, muitos ainda inéditos, constituem relevantes momentos de um trabalho artístico que existiu sempre na expectativa suscitada pelos projectos e continuada transformação. Já se vê que os desenhos são o instrumento mais declarado dessa atitude. E são ainda dos primeiríssimos desenhos surrealistas realizados em Portugal.
António Pedro configura nas décadas de 30 e 40 um claro modo de ser e actu­ar diferente das contemporâneas academizações dos primeiros modernismos, hoje alvo de um quase generalizado branqueamento crítico sob o inconsistente signo de um pluralismo que não quer dizer coisa nenhuma.
Gostaria de agradecer a José-Augusto França e a Marie-Thérese França não só a disponibilização do espólio do artista que conservam, mas também o entusiasmo com que aderiram ao projecto desde o primeiro momento. A Biblioteca Nacional, através do seu director e da sua equipa, foi de uma generosidade e profissionalismo absolutos . A eles se deve a facilidade com que decorreram as investigações conducentes a esta exposição. Aos meus colegas do Museu do Chiado, queria expressar o reconhecimento pelo apoio e interesse com que colaboraram  neste trabalho.

Pedro Lapa
Museu do Chiado