Pretende esta pequena exposição, mais o catálogo que a acompanha, fazer um balanço do que foi o Dimensionismo de António Pedro na década de 30, anterior à aventura surrealista e que de alguma forma reactivou algo das vanguardas do início do século XX. De facto, a poesia visual, hoje sujeita a novas valorizações, que têm como marcos a geração do Orpheu e a Poesia Experimental de 70's, encontra nos trabalhos de António Pedro, um momento extremamente significativo e pouco estudado, quando não mesmo esquecido. Por outro lado, os desenhos surrealistas, posteriores àqueles, muitos ainda inéditos, constituem relevantes momentos de um trabalho artístico que existiu sempre na expectativa suscitada pelos projectos e continuada transformação. Já se vê que os desenhos são o instrumento mais declarado dessa atitude. E são ainda dos primeiríssimos desenhos surrealistas realizados em Portugal.
António Pedro configura nas décadas de 30 e 40 um claro modo de ser e actuar diferente das contemporâneas academizações dos primeiros modernismos, hoje alvo de um quase generalizado branqueamento crítico sob o inconsistente signo de um pluralismo que não quer dizer coisa nenhuma.
Gostaria de agradecer a José-Augusto França e a Marie-Thérese França não só a disponibilização do espólio do artista que conservam, mas também o entusiasmo com que aderiram ao projecto desde o primeiro momento. A Biblioteca Nacional, através do seu director e da sua equipa, foi de uma generosidade e profissionalismo absolutos . A eles se deve a facilidade com que decorreram as investigações conducentes a esta exposição. Aos meus colegas do Museu do Chiado, queria expressar o reconhecimento pelo apoio e interesse com que colaboraram neste trabalho.
Pedro Lapa
Museu do Chiado