Miguel Palma, Exposição de Ocasião, 2000
Miguel Palma, Exposição de Ocasião, 2000

MNAC

entrada: Condições Gerais

Exposição de ocasião

Miguel Palma

2000-07-07
2000-10-08
Curadoria: Pedro Lapa
A Ocasião de um Ocaso & Outros Signos
Pedro Lapa


Moi aussi, je me suis de­mandé si je ne pouvais pas vendre quelque chose et réussir dans la vie. Cela fait un moment déjà que je ne suis bon à rien. Je suis âgé de quarante ans...
L'idée enfin d'inventer quelque chose d’insincère me traversa l'esprit et je me mis aussitôt au travail. Au bout de trois mois, je montrai ma production à Ph. Edouard Toussaint le propriétaire de la galerie Saint Laurent. Mais, c'est de l'Art, dit-il et j'exposerais volontiers tout ça. D'accord lui répondis je. Si je vends quelque chose il prendra 30%, ce sont, paraît-il des conditions normales certaines galeries prenant 75%. Ce que c'est? En fait, des objets.

Marcel Broodthaers




Para um visitante desta exposição que entre na sala e tome contacto com o extenso número de anúncios publicados em muitos jornais, publi­citando a venda ou permuta de obras de Miguel Palma, agora apre­sentados numa bancada ao som de muitas conversas telefónicas é o fim de um processo que assim se revela concluído. Realmente durante cerca de um mês o artista fez publicar anúncios nas mais diversas secções de muitos jornais nacionais e estran­geiros, onde propunha a venda ou troca dos trabalhos artísticos reali­zados até à data de forma mais ou menos desesperada, cabotina e oportunista. Aparentemente contor­nava os circuitos estabelecidos de um mercado específico - o de arte - para elidir qualquer mediação, transpor os códigos e respectivas convenções, e em certa medida confrontar-se com a incomunicabilidade resultante e claramente patenteada nas gravações sonoras dos diálogos com os potenciais interessados nos objectos enquanto tal e apenas, certamente que não em obras de arte.
Este processo permitiu assim a Miguel Palma experimentar os códigos e valores associados à obra de arte por via do seu circuito receptivo, bem como naturais implicações na definição do estatuto do objecto artístico. Importa aqui recordar ou mesmo traçar uma genealogia den­tro do cômputo da produção do artista para esta obra e que bem pode constituir uma linha definida de actuação do seu trabalho, entre outras. Em 1994, a peça Mil contos dentro de um cofre era literalmente constituída por um cofre de médias dimensões cuja informação do título criava uma expectativa frustrada pelo facto daquele se achar fechado. A estratégia do readymade de que aparentemente o artista faz uso é deslocada de modo a reinterpretar o procedimento dadaísta à luz de um contexto económico-cultural diferen­te.
Se a deslocação dadaísta de um objecto do seu uso quotidiano para um espaço de exposição - lugar de arte - operava uma indiferenciação relativa às propriedades intrínsecas do objecto artístico relativamente ao não-artístico, para valorizar a lógica operativa inerente ao acto nomina­lista, é também um facto e hoje podemos interpretá-lo como tal, que o lugar do objecto artístico, objecto raro - valor de troca e sumptuário por excelência - se via subvertido pelo valor de uso transportado pelos objectos quotidianos. É desenvolvendo este ponto de vista, de forma notavelmente sintética, que Mil contos dentro de um cofre complexifica o problema. A questão aqui já não é a da dicotomia arte/não-arte ou de um assalto à instituição artística, mas uma crítica à noção de valor num contexto histórico-económico em que o objecto se transmuta em signo. Assim o cofre com dinheiro implica um valor comercial enquanto produto puramente funcional, mas enquanto obra de arte de Miguel Palma implica o mesmo ou outro valor?



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