Retrato do Duque d’Ávila e Bolama

, 1880

Miguel Ângelo Lupi

Óleo sobre tela

146 × 120,5 cm
assinado e datado
Inv. 28
Historial
Encomenda do Duque d’Ávila e Bolama. Legado da Duquesa d’Ávila e Bolama com a condição de ser autorizada uma cópia. Integrado no MNAC em 1911.

Exposições
Lisboa, 1913, 28; Lisboa, 1945; Lisboa, 1983, 12, p.b.; Paris, 1987, 88, p.b.; Lisboa, 1988, 88, p.b.; Queluz, 1989, 51; Lisboa, 2002, 43, cor; Lisboa, 2005.

Bibliografia
Catalogo das obras de Miguel Ângelo Lupi expostas na Escola de Bellas-Artes, 1883, 31; LUCENA, 1943, 61; Porto, 1943, 77 – 78; MACEDO, 1947, 19, p.b.; Porto, 1948, 90; MACEDO, 1950, 3, p.b.; PAMPLONA, 1954, vol. II; FRANÇA, 1967, vol. I, 433 – 34, cor; Dicionário da Pintura Universal: Pintura Portuguesa, 1973, vol. 3, 218, cor; FRANÇA, 1981, 71, p.b.; Miguel Ângelo Lupi: Evocação no Centenário da sua morte nas colecções do MNAC, 1983, 35, p.b.; FRANÇA, 1987, 11; FRANÇA e COSTA, 1988, 139, p.b.; Paris, FCG/Centre Culturel Portugais, 1988, 41, p.b.; MARÍN, 1989; FRANÇA, 1993, 496; FRANÇA, 2001, 468; SILVEIRA, TAVARES; GINGA, 2002, 74, 111, cor; MACEDO, s.d., 373, p.b.
Lupi retratou figuras ligadas ao regime, as grandes personalidades do mundo fontista com grande expressão psicológica. O retrato do Duque d’Ávila, homem de ordem e de valores conservadores, responsável pelo encerramento das Conferências do Casino, excede a eficácia de representação pelo valor excessivamente descritivo, quase caricatural de uma óbvia e subliminar ostentação das condecorações do seu passado burguês.
Este retrato termina um ciclo fundamental na sua obra, efectuado na década de 70, representativo do seu trabalho de retratista das burguesias em ascensão, numa qualificada manifestação da produção artística portuguesa que se projecta na obra de Columbano e permite a definição de um realismo ausente de polémica. Professor da Academia de Belas-Artes de Lisboa, respeitoso no tratamento das funções sociais da classe dirigente, objectivo e verdadeiro na figuração, reproduzia fielmente e criteriosamente as suas figuras, com grande mestria da prática pictórica. Assim, Lupi contribuía para o esclarecimento de uma certa ambiguidade de classificação do realismo, num espaço de opinião oscilante entre o romantismo e o realismo.

Maria Aires Silveira