António Pedro
Cidade da praia, Cabo Verde , 1909 – Moledo do Minho , 1966
Dedicado à poesia desde 1926, não se terá iniciado nas artes plásticas até 1934. Mas antes desempenharia um papel decisivo como promotor da arte de vanguarda. Para além da sua actividade como crítico, ensaísta, director e fundador de jornais, entre as suas iniciativas destacam-se a organização do I Salão dos Independentes, em 1930, e a abertura da primeira galeria de arte moderna do país, a Galeria up, em 1932. Entre 1934-35 vive em Paris, onde frequenta academias livres de desenho e entra em contacto com os círculos artísticos e intelectuais de vanguarda. Com Calder, Huidobro, Miró, Duchamp, Kandinsky, Moholy-Nagy e Picabia, entre outros, assina o Manifesto Dimensionista, redigido por Charles Sirato, de cujos propósitos artísticos será introdutor em Portugal. No seu âmbito, realizou os primeiros objectos da arte portuguesa. Participa no Salon de Surindependants, em 1935. Quase em simultâneo, começa a interessar-se pelo Surrealismo, que irá dando a conhecer em Portugal em exposições colectivas, e logo, com António Dacosta, na mostra da Casa Repe (1940), ponto de inflexão da arte portuguesa deste século. Na vertente literária do movimento também foi pioneiro, com o romance semiautomático Apenas Uma Narrativa (1942) e o poema Protopoema da Serra d’Arga (1949). Em Londres, entre 1944–45 conhece os surrealistas ingleses e com eles expõe em Surrealist Diversity (1945). Os princípios do movimento ocupá-lo-ão até ao final da sua trajectória pictórica, em 1948, após a fundação do Grupo Surrealista de Lisboa, em que desempenhou um papel relevante. Em 1951 retira-se em Moledo do Minho, dedicando-se à cerâmica e ao teatro, área em que se destacou como cenógrafo, ensaísta e director do Teatro Experimental do Porto.
Maria Jesús Ávila
Maria Jesús Ávila