Sabat – Dança de roda

, 1936

António Pedro

Óleo sobre tela

93 × 93 cm
assinado e datado
Inv. 2373
Historial
Doação de Maria de Jesus e João Rendeiro em 2000.

Exposições
Lisboa, 1936, 16; São Paulo, 1941, 4, p.b.; Caminha, 1979, 11, cor; Porto, 1979, 11, cor; Lisboa, 1979, 11, cor; Paris, 1989, s.p.; Lisboa, 1997, 43, cor; Santa Maria da Feira, 1998; Badajoz, 2001, 17, cor; Lisboa, 2001, 17, cor; Vila Nova de Gaia, 2001, 17, cor; Madrid, 2002, 17, cor; Lisboa, 2005; Salamanca, 2007, 137, cor; Madrid, 2007, 137, cor; Badajoz, 2007, 137, cor; Lisboa, 2009, 22, cor; Lisboa, 2010.

Bibliografia
Exposição dos Artistas Modernos Independentes, 1936, 16; António Pedro. Primeira Exposição em S. Paulo, 1941, 4, p.b.; FRANÇA, 1966, 17, p.b.; FRANÇA, 1970, s.p., cor; GONÇALVES, 1972, 297, cor; CHICÓ (et al.), 1973, 308; FRANÇA, 1974, 334, p.b.; António Pedro: 1909-1966, 1979, 11, cor; AZEVEDO (et al.), 1979, 12, p.b.; Os Anos 40 na Arte Portuguesa, vol. I, 88; GONÇALVES, 1986, 159, cor; GONÇALVES, 1986, 71, cor; Peinture portugaise contemporaine dans une collection (…), 1989, s.p.; GONÇALVES, 1992, 29, cor; Colecção José-Augusto França, 1997, 41, 43, 45, cor; O Surrealismo em Portugal nos Anos 50 (…), 1998; FRANÇA, 2000, 77, cor; FRANÇA, 2000, capa; Surrealismo em Portugal (…), 2001, 16, 17, cor; SALEMA, 2001, 48, p.b.; ÁVILA, 2001, 136, 137, cor; Exposição Comemorativa do Centenário do Nascimento, 2009, 20, 22, cor.







Desde 1934, subjazendo à prática «dimensionista», o Surrealismo começa a aflorar na obra de António Pedro, manifestando-se nos seus poemas visuais como a transposição das forças do desejo. Dança de roda (Sabat) representa já a assunção programática deste movimento e marca o abandono do intimismo poético dos pequenos formatos anteriores para adoptar a força visual que as telas de grandes dimensões favorecem. O seu programa de «exaltação sensível» que, de futuro, se delineará como a renovação do imaginário, através da exploração do inconsciente, atinge aqui uma atmosfera inquietante. A dança, que anos depois descreverá no Protopoema da serra d’Arga como cena rural de domingo, emerge aqui como particular e vertiginosa dança sem fim. O motor dos estímulos sexuais transforma as quatro figuras em gigantes poderosos de grotesca conformação, descaracterizados e andróginos, definidos por formas fálicas e agressivas, como manifestam os seus mamilos cortantes, numa clara oposição aos cânones do bom gosto dominantes. No poder do desejo, na sua fealdade, na sobredimensão das figuras e na sua desrealização de rostos-falos e braços-seios e na atmosfera de mistério desta Dança, estão contidas algumas directrizes que orientarão o seu trabalho da década seguinte, que tão relevante se manifestará para a nova geração surgida na segunda metade de anos 40.

maria Jesús Ávila