(Poème dimensionnel) Abstractions géometriques

, 1935

António Pedro

Guache sobre cartolina e lápis sobre papel

24,5 × 17, 5 cm
Inv. 2374
Historial
Doação de Maria de Jesus e João Rendeiro em 2000.

Exposições
Lisboa, 1936, s.p.; Paris, 1989, s.p.; Lisboa, 1997, 43, cor; Lisboa, 1999, 47, cor; Castelo Branco, 2001, 75, cor; Tomar, 2005; Salamanca, 2007, 139, cor; Madrid, 2007, 139, cor; Badajoz, 2007, 139, cor; Caminha, 2009, 35, cor.

Bibliografia
António Pedro, 20 Poemas Dimensionais (…), 1936, s.p.; FRANÇA, 1974, 332, p.b.; António Pedro, 1909-1966, 1979, 16, 17, p.b.; AZEVEDO (et al.), 1979, 10, p.b.; Peinture portugaise contemporaine (…), 1989, s.p.; Colecção José-Augusto França, 1997, 41, 43, cor; LAPA, 1999, 11, 47, cor; ÁVILA, 2001, 138, 139, cor; António Pedro. Exposição Comemorativa do Centenário do Nascimento, 2009, 5-6.
Os contactos estabelecidos em Paris, entre 1934–35, com os meios intelectuais e artísticos de vanguarda levam António Pedro a assinar, juntamente com Arp, Calder, os Delaunays, Duchamp, Miro, Moholy-Nagy e Picabia, entre outros, o Manifesto Dimensionista, tendência que se propõe apagar a fronteira entre as artes através da introdução do espaço-tempo como quarta dimensão. Para Pedro representou a possibilidade de lançar uma ponte da sua actividade poética para as artes plásticas, abrindo com isso a arte portuguesa a um novo espaço para a relação arte-literatura, conforme com as teorias e experiências da arte internacional da época. O poema dimensional Abstractions géometriques constitui a maqueta que, trabalhada cromaticamente no processo de impressão, daria lugar a um dos poemas incluídos no livro 15 Poèmes au hasard, apresentado no I Salon des Surindèpendants, de Paris, onde a revista Les artistes d’aujourd’hui o destacou como uma das descobertas mais interessantes do salão. Pintura e poesia anulam os limites que as separam possibilitando a conjugação da dimensão espacial da pintura e da dimensão temporal da poesia num único plano. Considerando que a poesia precisa cada vez menos de palavras e que a pintura precisa cada vez mais de poesia, compõe um poema integrado por quatro versos em que a palavra desaparece, deixando o seu primado à imagem. Cada um deles é constituído por signos abstractizados que se correspondem com conceitos e se desenvolvem compositivamente segundo um ritmo interno. O espaço é ocupado por formas de rigor geométrico variável que se unem entre si, adoptando como valor rítmico e plástico a espessura das linhas de união entre elementos e a alteração de transições suaves provocadas pela linha curva para outras, em que se impõe a angulosidade gerada pelo encontro de linhas rectas. Na sua capacidade rítmica chegam a adoptar o valor de notações musicais mais do que poéticas.

Maria Jesús Ávila