Querubim Lapa

Portimão , 1925 Lisboa , 2016

É em 1940, estimulado por uma visita à Exposição do Mundo Português, que Querubim Lapa começa a interessar-se pelas artes plásticas. Inicia a formação artística em 1942, na Escola António Arroio, formando-se em Escultura na Escola Superior de Belas-Artes entre 1947 e 1953. Participa nas exposições dos Independentes no Porto a partir de 1948, e nas Exposições Gerais de Artes Plásticas a partir de 1949. Realiza então pinturas, desenhos, aguarelas, gravuras e esculturas, numa matriz neorealista que se vai tornando mais lírica ao longo da década de 1950. Em 1954 inicia a actividade como ceramista na Fábrica Viúva Lamego, em Lisboa, concebendo painéis decorativos. Passa a dedicar-se com maior afinco à cerâmica, técnica na qual explora valores cromáticos e texturais que influenciarão mais tarde a sua pintura. No ano seguinte começa a dar aulas na Escola António Arroio, sendo responsável pelas oficinas. Realiza a primeira exposição individual em 1960, expondo trabalhos de pintura, gravura e cerâmica. Em 1973 recomeça a pintar. Neste período explora temas inspirados em Os nenúfares, de Monet, produzindo obras marcadas pelo cromatismo exuberante. A partir de 1974 o seu trabalho reflecte sobre as movimentações políticas e sociais geradas pelo clima de tensão no Médio Oriente. Lapa retorna então a uma nova figuração, abordando temas de denúncia social, em pinturas de forte intensidade dramática, de cores e traços agressivos, e em que a figura humana é sugerida através da máscara. Este elemento, progressivamente aliviado da sua dimensão trágica, será fulcral nos seus trabalhos posteriores. Reconhecido especialmente pelo seu trabalho como ceramista, realizou intervenções em inúmeros espaços públicos, das quais se destacam os painéis da pastelaria Mexicana, da Reitoria da Universidade de Lisboa ou da sede do Banco de Portugal.

Joana Baião