Bar
, 1946
Querubim Lapa
Tinta-da-china e aguada sobre papel
15 × 15,7 cm
15 × 15,7 cm
assinado e datado
Inv. 3126
Historial
Doação do autor em 2008.
Bibliografia
Querubim: Desenho – Pintura (…), 1979, s.n.º, p.b.
Doação do autor em 2008.
Bibliografia
Querubim: Desenho – Pintura (…), 1979, s.n.º, p.b.
Ambos da segunda metade da década de 40, estes desenhos fazem parte de um conjunto de trabalhos realizados à pena, uma técnica antiga de prática oficinal, a que a mão do artista imprimiu um cunho de informalidade e rudeza, comum a estas criações que, no entanto, não deixam de apresentar características diversas. A primeira, de 1946, retrata o ambiente intimista de um bar, numa abordagem existencialista. Três casais surgem em primeiro plano, dois abraçados a dançar e um sentado, vendo-se atrás deste último, ao fundo, dois músicos. No traço solto e vigoroso que vai delineando as formas sem preocupação de rigor, perpassa um certo ritmo e assume grande densidade na marcação de sombreados, dispersando-se à medida que avança para o limite inferior do suporte. Velaturas cromáticas de tons pastel, preenchem irregularmente as formas e criam apontamentos subtis de cor que aligeiram a intensidade do traço.
No caso do desenho Feirantes, realizado dois anos depois, o autor evidencia uma abordagem mais descritiva de ligação ao universo temático e formal neo-realista. Num contexto rural, de exterior, um grupo de três mulheres e um homem são enquadrados num terreno árido. Em segundo plano, uma manada de cavalos, brancos e castanhos, marca a linha do horizonte e acentua o carácter temático de liberdade que o desenho evoca. As mulheres apresentam corpos volumosos e membros fortes, envoltas em trajes simples, compostos por panejamentos soltos. Os rostos convergem para o centro do desenho em posições opostas. Sentadas à esquerda, duas mulheres olham na mesma direcção para fora dos limites do suporte, com rostos fechados e falhos de beleza, sobre elas recai o olhar da outra mulher que se apresenta de costas, erguida junto ao eixo central do desenho e do homem sentado que segura numa das mãos um chicote. O traço solto é agora mais rigoroso, com maior preocupação nos contornos, tal como o trabalho de cor desenvolvido em tons térreos, numa pincelada curta com inúmeras sobreposições que conferem uma riqueza de nuances.
Adelaide Ginga
No caso do desenho Feirantes, realizado dois anos depois, o autor evidencia uma abordagem mais descritiva de ligação ao universo temático e formal neo-realista. Num contexto rural, de exterior, um grupo de três mulheres e um homem são enquadrados num terreno árido. Em segundo plano, uma manada de cavalos, brancos e castanhos, marca a linha do horizonte e acentua o carácter temático de liberdade que o desenho evoca. As mulheres apresentam corpos volumosos e membros fortes, envoltas em trajes simples, compostos por panejamentos soltos. Os rostos convergem para o centro do desenho em posições opostas. Sentadas à esquerda, duas mulheres olham na mesma direcção para fora dos limites do suporte, com rostos fechados e falhos de beleza, sobre elas recai o olhar da outra mulher que se apresenta de costas, erguida junto ao eixo central do desenho e do homem sentado que segura numa das mãos um chicote. O traço solto é agora mais rigoroso, com maior preocupação nos contornos, tal como o trabalho de cor desenvolvido em tons térreos, numa pincelada curta com inúmeras sobreposições que conferem uma riqueza de nuances.
Adelaide Ginga