Feirantes
, 1948
Querubim Lapa
Tinta-da-china e aguada sobre papel
42,3 × 55,6 cm
42,3 × 55,6 cm
assinado e datado
Inv. 3127
Historial
Doação do autor em 2008.
Doação do autor em 2008.
Ambos da segunda metade da década de 40, estes desenhos fazem parte de um conjunto de trabalhos realizados à pena, uma técnica antiga de prática oficinal, a que a mão do artista imprimiu um cunho de informalidade e rudeza, comum a estas criações que, no entanto, não deixam de apresentar características diversas. A primeira, de 1946, retrata o ambiente intimista de um bar, numa abordagem existencialista. Três casais surgem em primeiro plano, dois abraçados a dançar e um sentado, vendo-se atrás deste último, ao fundo, dois músicos. No traço solto e vigoroso que vai delineando as formas sem preocupação de rigor, perpassa um certo ritmo e assume grande densidade na marcação de sombreados, dispersando-se à medida que avança para o limite inferior do suporte. Velaturas cromáticas de tons pastel, preenchem irregularmente as formas e criam apontamentos subtis de cor que aligeiram a intensidade do traço.
No caso do desenho Feirantes, realizado dois anos depois, o autor evidencia uma abordagem mais descritiva de ligação ao universo temático e formal neo-realista. Num contexto rural, de exterior, um grupo de três mulheres e um homem são enquadrados num terreno árido. Em segundo plano, uma manada de cavalos, brancos e castanhos, marca a linha do horizonte e acentua o carácter temático de liberdade que o desenho evoca. As mulheres apresentam corpos volumosos e membros fortes, envoltas em trajes simples, compostos por panejamentos soltos. Os rostos convergem para o centro do desenho em posições opostas. Sentadas à esquerda, duas mulheres olham na mesma direcção para fora dos limites do suporte, com rostos fechados e falhos de beleza, sobre elas recai o olhar da outra mulher que se apresenta de costas, erguida junto ao eixo central do desenho e do homem sentado que segura numa das mãos um chicote. O traço solto é agora mais rigoroso, com maior preocupação nos contornos, tal como o trabalho de cor desenvolvido em tons térreos, numa pincelada curta com inúmeras sobreposições que conferem uma riqueza de nuances.
Adelaide Ginga
No caso do desenho Feirantes, realizado dois anos depois, o autor evidencia uma abordagem mais descritiva de ligação ao universo temático e formal neo-realista. Num contexto rural, de exterior, um grupo de três mulheres e um homem são enquadrados num terreno árido. Em segundo plano, uma manada de cavalos, brancos e castanhos, marca a linha do horizonte e acentua o carácter temático de liberdade que o desenho evoca. As mulheres apresentam corpos volumosos e membros fortes, envoltas em trajes simples, compostos por panejamentos soltos. Os rostos convergem para o centro do desenho em posições opostas. Sentadas à esquerda, duas mulheres olham na mesma direcção para fora dos limites do suporte, com rostos fechados e falhos de beleza, sobre elas recai o olhar da outra mulher que se apresenta de costas, erguida junto ao eixo central do desenho e do homem sentado que segura numa das mãos um chicote. O traço solto é agora mais rigoroso, com maior preocupação nos contornos, tal como o trabalho de cor desenvolvido em tons térreos, numa pincelada curta com inúmeras sobreposições que conferem uma riqueza de nuances.
Adelaide Ginga