Bernardo Marques
Silves , 1899 – Lisboa , 1962
Com a sua deslocação para Lisboa em 1918 para estudar na Faculdade de Letras, inicia um intenso convívio com alguns dos protagonistas da vida cultural lisboeta que o levarão dois anos mais tarde a iniciar a sua actividade como ilustrador em ABC (1922) e na Ilustração Portuguesa (1924). Expôs nesse mesmo ano na 3.ª Exposição dos Humoristas, com um sucesso que determinará a sua dedicação exclusiva ao desenho, inicialmente marcado pela obra de Cristiano Cruz, participando intensamente nas mais destacadas publicações periódicas e em projectos importantes da época, como a decoração do café A Brasileira e o 1.º Salão de Outono (1925), organizado por Viana, bem como o 1.º Salão dos Independentes (1930) ou o Salão de Inverno (1932). A viagem que em 1929 realizara a Berlim, e em concreto o conhecimento da Nova Objectividade alemão e da obra de Grosz, revela-se crucial para o tom de crítica social e política, ora desapiedada ou irónica, só suavizado nas imagens de Paris que realiza aquando da sua viagem para participar nas decorações do pavilhão português da Exposição Colonial (1937). Regista uma intensa e qualificada actividade integrando a equipa de decoradores do SPN/SNI nos pavilhões portugueses das feiras internacionais e da Exposição do Mundo Português (1940), nas festas de Lisboa, em cenários e decorações de filmes. Durante os anos 40, à medida que o artista se isola, o desenho destitui a figura humana do seu protagonismo até desviar inteiramente a sua atenção da sociedade para a paisagem, em especial, desde que se estabelecera em Sintra, em 1953, até ao seu suicídio em 1962.
Maria Jesús Ávila
Maria Jesús Ávila