Parque Mayer
, 1931
Bernardo Marques
Tinta-da-china sobre papel
37,5 × 31 cm
37,5 × 31 cm
assinado e datado
Inv. 715
Historial
Adquirido pelo Estado em 1933.
Exposições
Lisboa, 1932, 108; Lisboa, 1980; Lisboa, 1998, 43, cor; Castelo Branco, 2001, 59, cor.
Bibliografia
Salão de Inverno, 1932, 108; MACEEDO, 1946, 388-389, p.b.; Bernardo Marques (1898-1962), 1998, 43, cor; SANTOS, 2001, 59, cor.
Adquirido pelo Estado em 1933.
Exposições
Lisboa, 1932, 108; Lisboa, 1980; Lisboa, 1998, 43, cor; Castelo Branco, 2001, 59, cor.
Bibliografia
Salão de Inverno, 1932, 108; MACEEDO, 1946, 388-389, p.b.; Bernardo Marques (1898-1962), 1998, 43, cor; SANTOS, 2001, 59, cor.
Numa duplicidade de registos que se manteve durante certo tempo na sua obra, Bernardo Marques cultivou um desenho expressionista que denunciava situações sociais cruéis e outro que, com complacência irónica, se centrava no registo de uma Lisboa provinciana que se pretendia mundana e moderna. Parque Mayer corresponde a uma das típicas cenas urbanas protagonizada por uma pequena burguesia aperaltada para a ocasião, embora não consiga esconder a sua estrutura rural, que se encontra numa manhã de domingo neste lugar de lazer e de montra social. A composição é integrada por numerosas personagens, que se juntam e sobrepõem numa sucessão que conforma duas diagonais que confere grande profundidade à cena. Um olhar atento reflecte-se na diversidade de tipos, gestos e atitudes que adquirem natureza de estereótipos, na profusão de pormenores e no dinamismo que consegue infundir à cena através da intersecção de olhares, de movimentos dos corpos e arquitecturas, originadoras de multiplicidade de linhas que se entrecruzam, multiplicando o movimento e registando o fervilhar do momento. Uma linha concisa, esquemática, define num traço continuado os contornos das figuras, apenas sombreadas nos seus volumes por um riscar de pequenas linhas paralelas atravessadas por outras de direcção contrária que organizam uma densa malha. Abrindo-se para o fundo, a cena é segurada no primeiro plano pela figura feminina, mais trabalhada no claro-escuro, de maneira a adquirir peso cromático. Assim, generosa em curvas e volumes, vem reforçar a ironia do olhar que o artista lança sobre o quotidiano urbano lisboeta ao dialogar directamente com o grande cartaz de uma atracção situado por cima dela, «A Mulher transparente».
Maria Jesús Ávila
Maria Jesús Ávila