Piso 2 - Sala Dos Fornos

entrada: Condições Gerais

Festival Temps d'Images 2009

David Claerbout

2009-11-13
2010-03-07

Os trabalhos de David Claerbout operam conjuntamente fotografia e filme de forma a produzir pela imagem uma experiência física destas categorias e um conhecimento das suas potencialidades. Se a fotografia se fixa num tempo específico, que está ali, documentado e não se apaga em direcção a outro momento; o filme, pelo contrário, evolui continuamente de imagem para imagem. Ao rebater o filme e a fotografia para um meio computorizado, num único e mesmo sinal electrónico – que os codifica em informação emitida como vídeo –, os conceitos de fotografia e de filme subsistem ainda nesse meio digital, como sustenta o artista. A imagem fixa e o registo fílmico em tempo real constituem-se como duas modalidades de tempo que concorrem juntamente. Apesar da condensação dos tempos diferentes por um só meio, é neste vai e vem que David Claerbout realiza o seu trabalho. Entre o presente suspenso da fotografia e o presente continuado do filme revela-se um fascínio pela imagem e os seus tempos, sobretudo através de arquitecturas alusivas a um momento histórico específico. Nostalgia e reivindicação tornam-se pólos centrais destes seus trabalhos iniciais. 

Posteriormente através de vídeo-instalações, por vezes interactivas, o súbito acordar da imagem fixa em imagem em movimento, com a presença do espectador, suscita uma experiência física da imagem conferindo-lhe uma dimensão performativa. Ao utilizar um medium sem corpo – o filme –, David Claerbout reclama o diálogo entre o filme e o espectador ambos envolvidos num acontecer que repõe o corpo como processo comunicativo.
A partir de 2004 os seus trabalhos utilizam uma dimensão narrativa para interrogar o lugar do espectador e o papel do cenário enquanto construção do tempo e forma da sua duração. Cenário e paisagem são submetidos à variação da luz enquanto as mesmas narrativas persistem numa repetição infinita entre memória e presença que se vai desvanecendo.
Os trabalhos mais recentes de David Claerbout apresentam-se como amplas séries de fotografias tiradas de múltiplas perspectivas de um só e mesmo instante. A sua apresentação numa sequência define potenciais situações narrativas, por vezes complexas e diversas, mas que paradoxalmente não se constituem como tal, uma vez que todas as imagens se referem a um só instante, não existindo por isso progressão temporal. Por outro lado, a proliferação espacial criada desconstrói a unidade do instante, da sua presença.
De certa forma, é sempre um tempo diferido que os seus trabalhos abordam.  

Pedro Lapa
Director do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado

AnexoTamanho David Claerbout_desdobrável_Descarregue.pdf1.06 MB

Atividades

    2009-11-13 18h30
    Conversa com David Claerbout
Ver todas as atividades 1

+ Info

Em Exibição

The c(AI)rcles’s Pentagon

By Gencork | Sofalca

2025-05-28
2025-06-26
Curadoria: Portugal Faz Bem
A instalação de design/arte The c(AI)rcle’s Pentagon, que explora a ligação entre inteligência artificial, design (re)generativo, arte e sustentabilidade
Exposição individual

Caminhos

Coleção Millennium bcp

2025-05-16
2025-08-24
Curadoria: Emília Ferreira, Regina Branco e Joana d’Oliva Monteiro
Esta exposição coletiva aborda, a partir do tema da paisagem, o desejo da viagem ou a necessidade íntima de criar caminhos próprios
Exposição temporária

O FARDO DO HOMEM BRANCO

João Fonte Santa

2025-04-10
2025-07-03
Curadoria: Lúcia Saldanha e Rui Afonso Santos
O Artista recorre a uma linguagem figurativa que se vale dos paradigmas oitocentistas do Naturalismo - quer da pintura como da ilustração coevas, visualmente familiares e instituídos.
Exposição individual

ALDEBARAN CAÍDA POR TERRA

2025-03-13
2025-06-22
Aldebaran Caída por Terra é uma série de pinturas moldadas, com formas irregulares e orgânicas, onde o volume e incidência da luz se insinuam na forma de ver os (quase todos) rostos, pintados a pastel de óleo.
Exposição individual

Impressões Digitais. Coleção MNAC

2024-12-12
2026-12-30
Curadoria: Ana Guimarães, Emília Ferreira, Maria de Aires Silveira e Tiago Beirão Veiga
Constituída por obras fundadoras da historiografia da arte portuguesa contemporânea, de 1850 à atualidade, a coleção do MNAC guarda vários tesouros nacionais.
Exposição Permanente

Desde 1911

2022-05-26
2026-05-26
Uma intervenção que celebra os 110 anos do MNAC.
114 anos