Amor e Psyche
, 1891
José Veloso Salgado
Óleo sobre tela
262 × 191 cm
262 × 191 cm
assinado e datado
Inv. 61
Historial
Doação do autor pela sua nomeação como Académico de Mérito. Integrado no MNAC em 1912.
Exposições
Paris, 1891, 1476; Lisboa, 1892, 175 des.; Paris, 1987, 229, cor e p.b.; Lisboa, 1988, 229, cor e p.b.; Lisboa, 1999, 64, cor.
Bibliografia
Catalogo illustrado da Exposição de Bellas-Artes promovida pelo Gremio Artístico, 1892, 175 des.; SINCERO, 1892, 99; ARTHUR, 1896, 144 e 202; Pintura portuguesa no MNAC (...), 1927, 19, cor; BRAGANÇA, s.d. (c. 1936), 11; MACEDO, 1940, 10; PAMPLONA, 1943, 168 – 169, p.b.; PORTO, 1943, 168–69, p.b.; MENDES, 1944, 134; PAMLONA, 1954, vol. IV; MACEDO, 1954, 7, p.b.; FRANÇA, 1967, vol. II, 225, p.b.; Dicionário da Pintura Universal: Pintura Portuguesa, 1973, vol. 3, 403, cor; RIO-CARVALHO, 1986, 110, cor; COSTA, 1987, 17, p.b.; FRANÇA e COSTA, 1988, 258, cor; MARÍN, 1989; LISBOA, 1994, 102, cor; PEREIRA, LISBOA, 1995, 348; FRANÇA, 1999, 31; SANTOS, e TAVARES, 1999, 126, cor; RODRIGUES, 2000, 196 e 198; FALCÃO, 2003, 259.
Tema mitológico, do grego Apuleio, Amor e Psyché valeu a Veloso Salgado uma 3ª medalha no Salon de 1891 quando, durante a sua permanência como bolseiro em Paris, era discípulo de Alexandre Cabanel, Fernand Cormon e Benjamin Constant. Numa narrativa encadeada de signos surgem os episódios da vida amorosa de Psyché na Terra e no Olimpo, a partir de referências literárias, esteticamente simbolizantes.
Entre duas zonas iluminadas (palácio real, morada materna) e primeiro plano (desfecho feliz), o artista sugere a sucessão de acontecimentos, em ícones anunciados, que descrevem a alegoria. A coluna dórica canelada introduz o palácio de Eros, em mármore e ouro, separando ou unindo o divino e o terreno, como elementos estruturais da composição.
Representando pureza e paz encontram-se, num primeiro plano, dois pombos brancos, tratados em breves e imprecisas pinceladas, que contrastam com um panejamento vermelho, símbolo da paixão, cenograficamente disposto. No fundo, a síntese da situação encontra-se num véu rosa (junção do branco e vermelho) ou seja, na constatação de um estado inicial de pureza que em paixão se consome, com o risco da própria vida (entenda-se o ser alado como a borboleta nocturna referenciando uma consciência incarnada de Psyché, inicialmente alada e frágil).
Entre duas zonas iluminadas (palácio real, morada materna) e primeiro plano (desfecho feliz), o artista sugere a sucessão de acontecimentos, em ícones anunciados, que descrevem a alegoria. A coluna dórica canelada introduz o palácio de Eros, em mármore e ouro, separando ou unindo o divino e o terreno, como elementos estruturais da composição.
Representando pureza e paz encontram-se, num primeiro plano, dois pombos brancos, tratados em breves e imprecisas pinceladas, que contrastam com um panejamento vermelho, símbolo da paixão, cenograficamente disposto. No fundo, a síntese da situação encontra-se num véu rosa (junção do branco e vermelho) ou seja, na constatação de um estado inicial de pureza que em paixão se consome, com o risco da própria vida (entenda-se o ser alado como a borboleta nocturna referenciando uma consciência incarnada de Psyché, inicialmente alada e frágil).
A marmórea figura feminina parece ter sido inspirada na Psyché abandonada (1790), escultura em mármore de Augustin Pajou, tanto pela cor marmoriada da figura pictórica, como pelas linhas do corpo e, fundamentalmente, pelo tratamento expressivo do rosto e cabelo. Visão poética de uma não-realidade, introduz um simbolismo salonnard, embora Eros, de aparência neo-clássica, se caracterize de forma naturalista. O quadriculado do chão, clara alusão à pintura Renascentista, enquadra-se numa atmosfera brumosa que confere à cena um intimismo sublinhado por valores oníricos.
Maria Aires Silveira
Maria Aires Silveira