Morte de Catão
, 1888
José Veloso Salgado
Óleo sobre tela
99 × 134 cm
assinado e datado
Inv. 167
Historial
Prova de pensionista do Estado em Paris em 1888. Integrado no MNAC em 1912.
Exposições
Lisboa, 1888; Lisboa, 1913, 167; Lisboa, 1939, 6; Luanda, Lourenço Marques, 1948, 46; Lisboa, 1951, 1; Lisboa, 1999, 7, cor; Lisboa, 2002.
Bibliografia
RAMALHO, 1888, 195; ARTHUR, 1896, 143; MACEDO, 1954, 3, p.b.; SILVEIRA, 1994, 101, cor; SANTOS e TAVARES, 1999, 72, cor.
O retorno à antiguidade clássica, neste caso Roma, é abordado por Veloso Salgado, que narra o drama de Catão, vencido nos seus ideais, através do suicídio. Censor e pretor romano, personalidade exaltada na defesa da virtus, ataca a corrupção que atravessa Roma e preconiza, como orador do Senado, a destruição de Cartago, rival económica daquela cidade. Veloso Salgado expõe nesta obra os atributos ou os significantes da sua vida: a toga, a espada e um livro, junto a Marcus Porcius Cato. A toga de Senador, abandonada num canapé, constitui uma arma virtual: a retórica do tribuno. Caída, a espada representa a imagem da derrota que a sua vida não poupou. O livro, provavelmente o seu tratado Da Agricultura, aponta para o seu valor ou esquecimento. É a visão da tripla derrota do tribuno romano, defensor de um Estado ditatorial e eleitor de Pompeu, do intelectual que preconiza uma gestão moderna da agricultura, e do participante vencido na Guerra Civil e guarda pretoriana.
Catão surge aqui nos seus últimos momentos, num quarto palaciano, em África (colunas romanas, busto e panejamentos cenográficos). O local teria para o artista pouco sentido iconológico, mas surge como especialmente cenográfico, no imaginário de um culto romantizado de Roma, de acordo com a prática do ensino académico. Através da penumbra e de tonalidades quentes de castanhos e vermelhos escuros, cruzando-se com zonas brancas, o drama acentua-se quando, às restantes figuras, também de toga, o artista atribui um carácter “realista”, associado a um convencionalismo académico, habitual na pintura de História e que lhe permitiu obter o pensionato em Paris.
Maria Aires Silveira
Catão surge aqui nos seus últimos momentos, num quarto palaciano, em África (colunas romanas, busto e panejamentos cenográficos). O local teria para o artista pouco sentido iconológico, mas surge como especialmente cenográfico, no imaginário de um culto romantizado de Roma, de acordo com a prática do ensino académico. Através da penumbra e de tonalidades quentes de castanhos e vermelhos escuros, cruzando-se com zonas brancas, o drama acentua-se quando, às restantes figuras, também de toga, o artista atribui um carácter “realista”, associado a um convencionalismo académico, habitual na pintura de História e que lhe permitiu obter o pensionato em Paris.
Maria Aires Silveira