Estudos para os frescos da Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos
, 1945–48
José de Almada Negreiros
Guache e grafite sobre papel
99,5 × 55 cm
99,5 × 55 cm
Inv.
Historial
Depósito dos Herdeiros de Almada Negreiros no MNAC – Museu do Chiado, em 1995.
Exposições
Barcelona, 1984; Salamanca, 2007, 98-99, cor; Madrid, 2007,98-99, cor; Badajoz, 2007–2008, 98-99, cor; Lisboa, 2009.
Bibliografia
Almada Negreiros, 1984; SILVA, 1995, 403; ÁVILA, 2007, 98-99, cor.
Depósito dos Herdeiros de Almada Negreiros no MNAC – Museu do Chiado, em 1995.
Exposições
Barcelona, 1984; Salamanca, 2007, 98-99, cor; Madrid, 2007,98-99, cor; Badajoz, 2007–2008, 98-99, cor; Lisboa, 2009.
Bibliografia
Almada Negreiros, 1984; SILVA, 1995, 403; ÁVILA, 2007, 98-99, cor.
Continuando a relação com o arquitecto Pardal Monteiro, iniciada na década anterior, Almada Negreiros começa em 1946 os dois grandes trípticos, pintados a fresco, da Gare Marítima da Rocha de Conde Óbidos, que só concluirá em 1948, e de cujo projecto estes estudos fazem parte. O rio Tejo revela-se presença constante. No primeiro tríptico, as três partes que recompõem uma panorâmica do barco, num continuum, sugerem a sua presença, enquanto no segundo aparece sempre explicitamente representado no primeiro plano. Embora o barco se assuma como assunto formalmente dominante, o motivo que aborda é o da emigração – a partida desse mesmo cais onde os painéis se localizam – que tão fortemente marcara a história portuguesa. Os volumes e rígidas estruturas do barco, com um firme contorno negro, desenvolvem-se em três tempos que acabam por se misturar com um andaime montado no cais. Um complexo jogo de linhas de força tem lugar, orientado pela diagonal da grua, que continua pela proa do barco e à que se opõem a verticalidade da cabine e do andaime, nos painéis laterais, e a diagonal contrária da escada, ao centro. O desenrolar da vida num Domingo da Lisboa ribeirinha, protagonizado pelos que na cidade ficaram, é o assunto do segundo painel. Uma vida calma, pacata, em três cenas carregadas de pequenas histórias que, descentrando os pontos de atenção, são habilmente unificadas no conjunto. O lirismo percorre este tríptico, como a saudade, sentida já antes da partida, atravessa o anterior, propondo, para além da decoração, uma abordagem sobre a vida em Portugal. O Cubismo é revisitado de maneira muito particular em ambos os trípticos e a sua matriz organiza cada plano e cada figura, quer na estruturação da composição, quer na solução de uma linha continuada, que desenha algumas personagens, gerando múltiplas intersecções, e que terá continuidade noutras obras desta época.
Maria Jesús Ávila
Maria Jesús Ávila