Carlos Afonso Dias
Lisboa , 1930 – Lisboa , 2010
Foi engenheiro geógrafo, com uma especialização na área das pescas, desenhador e fotógrafo amador. A sua obra fotográfica constitui hoje legado fundamental para a história da fotografia portuguesa do século XX. A partir de 1953 passou a dedicar-se à fotografia de forma mais intensiva, não só por interesses profissionais, uma vez que em 1958 realizou entre Itália e Ottawa um curso de especialização em fotografia cartográfica, mas também por interesse artístico. O seu percurso fotográfico construiu-se de forma autodidacta, por influência paterna e mais tarde recolhendo informação nas poucas revistas e livros de fotografia que chegavam do estrangeiro, muitas vezes clandestinamente, e partilhando experiências e projectos com outro dos fotógrafos mais relevantes e conhecidos da história da fotografia portuguesa, Gérard Castello-Lopes. Ainda nos anos 50 adere ao Movimento de Unidade Democrática (MUD), mas a sua participação artística no movimento, responsável pela organização das Exposição Gerais de Artes Plásticas de oposição à estética oficial do regime, foi apenas iniciática com a produção de desenhos para a imprensa MUD juvenil. A partir dos anos 60 viveu e trabalhou em Angola, onde realizou diversos levantamentos fotográficos que veio a perder em consequência da guerra colonial. Regressa a Portugal em 1981, abandonando então a fotografia e dedicando-se mais à pintura e ao desenho. Em 1989 o seu trabalho foi redescoberto e pela primeira vez objecto de uma exposição retrospectiva na Galeria Ether em Lisboa. Recomeçou a fotografar e a expor de forma mais intensiva a partir de 1998, até à data da sua morte.
Emília Tavares
Emília Tavares