Fernando Lemos
Lisboa , 1926 – São Paulo , 2019
Pintor, escultor, designer e poeta. Iniciou a sua atividade artística ligado ao Movimento Surrealista no início da década de 50, altura em que se dedicou de forma mais consistente à fotografia, tendo exposto pela primeira vez na Casa Jalco (1952), em Lisboa, conjuntamente com Marcelino Vespeira e Fernando Azevedo. Em 1953, na Galeria de Março, em Lisboa, expôs individualmente o seu trabalho fotográfico na mostra Fotografia de Várias Coisas. A sua obra fotográfica foi praticamente produzida no espaço de sete anos, entre 1946 e 1952, enquadrada na estética e no léxico fotográfico surrealista, utilizando temas e técnicas próprias daquele movimento, como a sobreposição, a dupla exposição, manipulação do negativo, solarização, entre outros. O conjunto da sua obra fotográfica, além da vertente de exploração surrealista, engloba já manifestações de sentido abstratizante e constitui uma incursão única da prática fotográfica no contexto do Modernismo português. Em 1953, dececionado com a situação cultural e política do país, parte para o exílio no Brasil onde fixou residência permanente. Dedicou-se então à pintura, ilustração, tapeçaria e ao design . Em 1999, um conjunto das suas obras fotográficas integrou a coleção do MNAC, por doação da empresa A. T. Kearney Portugal, inaugurando desta forma, tardiamente, a representação da tipologia fotográfica nas suas coleções. Está representado em diversas colecões nacionais e internacionais e permanecerá na história da arte portuguesa do século XX, como um dos seus representantes mais vanguardista, multifacetado e talentoso.
Emília Tavares