No centro de Luanda, em Angola, um anúncio em néon num prédio de três andares assinala ainda o Hotel Globo. Decadente, o edifício modernista mantém, no entanto, a grandeza que marcou o apogeu da arquitetura modernista no ultramar. Aparentemente, continua a ser um hotel, no entanto a maioria dos quartos está vazia e não tem turistas. Na realidade, existem poucos turistas em Luanda. O Hotel é uma casa temporária de angolanos provenientes das províncias e da diáspora e ao mesmo tempo de artistas locais.
O abandono da função original dos edifícios coloniais e a sua apropriação
e recriação pela população local resultam, também no caso do Hotel
Globo, numa metáfora sobre os lugares dos tempos coloniais e a sua repercussão
na memória e cultura luso-africanas. O Hotel Globo reúne histórias de
resistência, de adaptação e de procura. Os espaços aqui retratados mostram
fragmentos das vivências dos novos hóspedes que se instalam não como
proprietários, mas como habitantes. A teia de relações sociais, culturais
e políticas que então se constroem, incorporam os símbolos e imagens
pré-existentes, num processo de resgate e simultaneamente de reconstrução
de valores territoriais, de pertença, e de identidade.
Ciclo de
Conferências
Ana Balona de Oliveira - 22 de Julho - 18.30h – Entrada livre
Carlos Garrido Castellano - 17 de Setembro - 18.30h – Entrada livre
Ana Vaz Milheiro - 24 de Setembro - 18.30h – Entrada livre