Audio - Modelos de representação fotográfica no século XIX - entre a ficção do teatro e a ordem colonial. Conferência por Filipe Figueiredo e Teresa Flores
2015-06-16
Tesouros da Fotografia Portuguesa do Século XIX - Conferência por Filipe Figueiredo e Teresa Flores
"Modelos de representação fotográfica no século XIX - entre a ficção do teatro e a ordem colonial". Conferência por Filipe Figueiredo e Teresa Flores.
Dia 16 de junho às 18.30h no MNAC - MUSEU DO CHIADO
"O Barba Azul e o retrato do actor como dispositivo de evocação da cena" por Filipe Figueiredo
De Paris, importava-se a opereta e com ela vinham os retratos das actrizes em poses ensaiadas, o ar novo que se respirava nos boulevards, o gosto de se passear pelas ruas, de ver e de ser visto, e uma nova cultura do eu, que encontra na fotografia uma estratégia de grande cumplicidade. Por cá, o teatro soube desde logo aproveitar o novo dispositivo fotográfico para consolidar os seus modelos e aderir à cultura da imagem. Embora possam ser documentados desde os anos de 1850 exemplos de utilização da fotografia no contexto teatral, um conjunto de imagens realizadas a propósito da apresentação da opereta Barba Azul, no Teatro da Trindade, em 1868, atestam um novo estatuto da imagem fotográfica e o início de uma relação bem intrincada entre estes dois domínios: fotografia e teatro.
"A fotografia no contexto das expedições científicas. Reflexões a partir do álbum etnográfico de Henrique Dias de Carvalho (Expedição africana ao Muatiânvua - 1884-1888)" por Teresa Flores
Nesta comunicação estabelece-se a relação entre a corrente de pensamento naturalista que preconiza um saber assente na observação dos fenómenos naturais, implicando viagens de exploração e registos escritos e visuais de diversos tipos, e a tecnologia fotográfica que, desde a sua emergência no final da década de 30 do século XIX, virá integrar estas formas de registo e de conhecimento. Analisa-se em maior detalhe o album etnográfico produzido no contexto da expedição africana ao interior de Angola, região das Lundas, no então designado Reino do Muatiânvua, entre 1884 e 1888, no seu papel científico mas também político, como objeto complexo das relações de poder-saber estabelecidas no contexto da expedição. Mostra-se, finalmente, as relações entre a fotografia e a construção de um imaginário colonial.