Retrato do fotógrafo António Novais

, 1901

José Malhoa

Óleo sobre tela,

58 × 50 cm
assinado e datado
Inv. 53
Historial
A tela foi oferecida à Academia de Belas-Artes pelo retratado cerca de 1902 – 04. Integrado no MNAC em 1912.

Exposições
Lisboa, 1902; Lisboa, 1913, 53; Lisboa, 1928, 33; Lisboa, 1983, 2, p.b.; Caldas da Rainha, 1983, 24, p.b.; Macau, 1986, cor; Lisboa, 2000, 54, cor; Rio de Janeiro, 2003, 87, cor; Caldas da Rainha, 2005, 22, cor.

Bibliografia
MACEDO, 1948, 15, p.b.; MONTÊS, 1950, 26, p.b.; PAMPLONA, 1954, vol. III; Um século de pintura e escultura portuguesas, 1965, 20, p.b.; Cinquentenário da morte de José Malhoa: Pintor de retrato, 1983, 69, p.b.; Malhoa nas colecções do Museu Nacional de Arte Contemporânea: Evocação no Cinquentenário da sua morte, 1983, 11, p.b.; Os Naturalistas Portugueses, 1986; FIFUEIREDO, 2000, 355, cor; COSTA e BRANDÃO, 2003, 133, cor; Malhoa e Bordalo: Confluências de uma geração, 2005, 82, cor; COUTO, 2005, 18.
Este retrato do amigo do pintor, o fotógrafo Novais, a quem normalmente encomendava as fotografias dos seus quadros, revela uma naturalidade expressiva, próxima do instantâneo fotográfico. Malhoa valoriza o rosto iluminado e capta atentamente as características individuais num registo imediato, parece que inesperado para o fotógrafo. Mencionado num documento de 1913 como “pintor retratista”, Novais apresenta-se neste retrato com os habituais atributos de pintor, o laço artisticamente traçado e o chapéu de abas largas, em tonalidades terra que se misturam com o fundo escurecido. Fotógrafo pouco estudado, integrava uma família de artistas ligados à fotografia, tanto os seus irmãos, como os conhecidos sobrinhos, Mário e Horácio Novais. António Novais, “Fotógrafo da Casa Real Portuguesa”, colaborou em periódicos como a Ilustração Portuguesa, Ocidente, Brasil-Portugal, A Época, A Nação e parece cessar esta sua actividade profissional, iniciada em 1874, com a afirmação do novo governo republicano. Curioso salientar uma crítica elogiosa a este retrato, “a melhor peça da exposição” da SNBA, em 1902, e a intenção do retratado em doar o quadro ao MNAC (A Época, 1902). Provavelmente amigo do fotógrafo Arnaldo Fonseca, António Novais parece estabelecer uma importante ligação com a pintura, revelada neste retrato, tanto através da sua prática e de uma proximidade com pintores como Malhoa, como pelo relevante papel desempenhado pela fotografia na avaliação de processos técnicos em pintura.

Maria Aires Silveira