Ocultação

, 1950

Fernando de Azevedo

Tinta-da-china e guache sobre imagem fotográfica impressa

27,5 × 12,2 cm
assinado e datado
Inv. 2381
Historial
Doação de José-Augusto França em 1999.

Exposições
Lisboa, 1956; Lisboa, 1982, p.b.; Lisboa, 1997, 52, cor; Badajoz, 2001, 160, cor; Lisboa, 2001, 160, cor; Vila Nova de Famalicão, 2001, 160, cor; Madrid, 2002; Castelo Branco, 2002, 67, cor; São Paulo, 2003, 120, cor; Lisboa, 2006; Lisboa, 2009.

Bibliografia
FRANÇA, 1960, 87-90; FRANÇA, 1974, 385, p.b.; FRANÇA (et al.), 1982, 40, p.b.; Colecção José-Augusto França, 1997, 25, 52, cor; ÁVILA (et al.) 2001, 160; SANTOS, Da Escultura à Colagem (…), 2002, 31.
Num conjunto de ocultações que realiza entre 1950 e 1952, Azevedo explora todas as possibilidades que a ocultação lhe oferece, encarando-a como um processo de descoberta inconsciente, sobre a imagem de uma revista ilustrada, intervém aplicando uma camada de tinta negra, início de um jogo sem retorno, em que o autor se deixa surpreender, arrastado pelas formas que se vão gerando no processo. A camada de tinta-da-china aparece como uma pele que adere à imagem e que assim aponta para a possibilidade de ser retirada, sublinhando a presença da ilustração de suporte. Desta maneira nos situamos perante uma imagem nova, mas somos impelidos insistentemente para essa imagem residual que, por sua vez, nos lança uma e outra vez para a superfície. A imagem prefabricada aparece, deste modo, como depósito da memória, como lugar de armazenamento de recordações e imagens e, ao mesmo tempo, como superfície de projecção de outras novas que se sobrepõem à memória inconsciente.

Maria Jesús Ávila