Num jardim de Paris

, c. 1910

Adriano Sousa Lopes

Óleo sobre madeira

25 × 32,5 cm
assinado
Inv. 1266 (66)
Historial
Doação da família do artista ao Estado. Depositado pela Direcção-Geral da Fazenda Pública, em 1946, e seleccionado por Diogo de Macedo para integrar a colecção do MNAC.

Exposições
Lisboa, 1962, 43; Lisboa, 1980, 26, p.b.; Queluz, 1989, 91.

Bibliografia
SILVEIRA, 1994, 112, cor.
Num jardim, em Paris, nos primeiros anos do século (cerca de 1904, data do início da primeira estada como pensionista), o pintor regista um passeio, numa tarde ensolarada. Zonas chapeadas de luz reflectem talvez a memória portuguesa de uma ‘pintura solar’ enquanto que pequenas pinceladas dividem as figuras em planos sucessivos, sugerindo a impressão do momento. Sensível a uma estética impressionista então divulgada, explora o tom sobre tom, em toques fugidios, e um jogo de luz/sombra que marcam uma abertura de paleta que o acompanhará ao longo da sua vida. Os vestidos das personagens diluem-se no chão, onde se levanta uma poeira fina, assim entendida também na obra de Ramón Casas, espanhol fixado em Paris em finais do século. Ergue-se um ‘sfumato’ do chão, diminuindo a massa pictórica e provocando uma maior impressão em mancha (Plein air, 1891). Receptivo a novas técnicas, interessado no estudo da luz, atraído pelo colorido vibrante da natureza, Sousa Lopes entendeu as propostas dos mestres impressionistas, e de muitos artistas que, oriundos de diversos países, então estudavam em Paris.

Maria Aires Silveira