João Vieira

Vidago , 1934 Lisboa , 2009

Estudou Pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (1951-1953), deixando o curso incompleto, insatisfeito com o academismo e conservadorismo do ensino artístico. Juntou-se, então, a artistas e escritores ligados na tertúlia do Café Gelo (1956). Parte depois para Paris (1957), onde forma com outros artistas portugueses e estrangeiros o grupo KWY (1958-1968). Apoiado por uma bolsa da Fundacção Calouste Gulbenkian de 1959 a 1960, vai adaptar as influências abstractas, de Vieira da Silva e Arpad Szènes ao gestualismo de Dubuffet, a experiências no campo do letrismo, explorando as qualidades plásticas das letras ao mesmo tempo que procede a uma transposição de uma poética literária para o campo da pintura. A associacção da abordagem estética da caligrafia a uma mensagem que o jogo de letras encerra será desenvolvida em anagramas que concretizam, assim, a transformacção do texto em imagem. O autor prossegue a mesma linha de trabalho em outras linguagens artísticas como a performance e o happening, cruzando-as com a sua intervenção no campo teatral nos anos 60 e 70. Nos anos 90, regressa ao letrismo, trabalhando agora os caracteres chineses, depois de uma experiência de transposição de pinturas históricas da arte portuguesa para uma linguagem moderna. Traça um percurso artístico que granjeia rapidamente o reconhecimento da crítica e da história da arte portuguesas. Representa Portugal na Bienal de Veneza de 1980 e recebe postumamente o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso, 2009.

Leonor Oliveira