João Cristino da Silva
Lisboa , 1829 – Lisboa , 1877
Nascido em Alfama, Lisboa, numa família burguesa ligada ao comércio, Cristino frequenta a Academia das Belas-Artes de Lisboa, de 1841 a 45, onde revela a sua aptidão para as artes, mas também o seu temperamento nervoso e uma personalidade irreverente que recusa o ensino académico. Designado elemento de júri para a aprovação de obras a integrar na Exposição Universal de Paris, em 1855, apresenta a pintura Cinco artistas em Sintra, o mais significativo quadro da geração romântica, que faz a síntese das linhas exploradas pelo grupo através da pintura de paisagem, retrato e costumes, no primeiro retrato colectivo de artistas portugueses. Na romântica Sintra, entre efeitos de luz, são cenograficamente tratados os pormenores próximos e as brumas do longínquo Palácio da Pena. A novidade apresentada, captação da paisagem “no natural”, torna-se a característica fundamental do grupo, e constitui a afirmação de um entendimento contrário à pintura de atelier e ao ensino académico. Os seus locais preferidos, Sintra e Coimbra, Buçaco, Ribatejo, Nazaré e Leiria, revelam os seus sentimentos românticos, em paisagens luminosas, cenas nocturnas, poentes, ou através de contrastantes zonas sombreadas e ensolaradas, mas também transmitem angústia e nostalgia nos mares encrespados e nas tempestades ameaçadoras. Cristino estabelece um ideário romântico português que, embora tardio, se aproxima das linhas do romantismo internacional, especialmente da estética alemã de Caspar Friedrich, e anuncia o naturalismo.
A partir de 1960, Cristino lecciona na Academia, e participa nas exposições da Sociedade Promotora das Belas-Artes (1862 – 76).
Maria Aires Silveira
A partir de 1960, Cristino lecciona na Academia, e participa nas exposições da Sociedade Promotora das Belas-Artes (1862 – 76).
Maria Aires Silveira