Licenciado em Matemática e Ciência Geofísica pela Faculdade de Ciências de Lisboa, José Júlio Andrade dos Santos começa a interessar-se pela pintura através da exploração do seu lado mais pedagógico e didáctico, impulsionado pela vontade de estimular a expressão pictórica do seu filho mais velho. Passando rapidamente da teoria à prática, inicia a sua actividade artística em 1949, expondo individualmente pela primeira vez em 1951, na Sociedade Nacional de Belas-Artes, em Lisboa. A partir desse ano participa regularmente em exposições colectivas. O seu espírito altruísta leva-o a integrar algumas acções colectivas e a organizar conferências e exposições didácticas. No final da década de 1950 participa na criação da Cooperativa dos Gravadores Portugueses e integra os corpos directivos da SNBA. Foi também professor de Matemática e de Desenho no Liceu Francês Charles Lepierre, em Lisboa. Os seus trabalhos apresentam uma visão sincrética das principais características dos seus artistas de referência – Van Gogh, Picasso, Cézanne e Paul Klee –, do que resulta uma linguagem pictórica assente num pensamento conceptual poético, transmitido formalmente através do cromatismo denso mas fluido e da grande unidade das composições.

Joana Baião