A formação autodidacta do artista incentivou-o a umconhecimento vasto, teórica e plasticamente, de algumas das principais correntes estéticas do seu tempo, desde o Neo-Realismo inicial até à não figuração, como é o caso desta Paisagem da década de 50. Construída sob uma paleta sombria, a decomposição dos planos, num ensaio formal de inspiração cézanniana, é ainda assim sustida por uma preocupação de contorno figurativo dos primeiros planos, como é o caso dos troncos das árvores. A profundidade, e a marcação, de um horizonte é feita por uma mancha luminosa, que contrasta com a paleta geral do quadro, e lhe acentua o lirismo composicional.

Emília Tavares