Nesta conferência, Nico Marzano irá explorar as as fronteiras entre documentar e criar na prática cinematográfica da escritora e artista Salomé Lamas. Outras questões abordadas girarão em torno da representação da memória e da narração de histórias através das imagens, bem como da abordagem da artista à pré-produção e a relação que estabelece entre a filmagem e a edição dos seus filmes.

Nico Marzano é curador e dirige o sector de distribuição de filmes no Instituto de Artes Contemporâneas de Londres (ICA), reunindo e apresentando um programa exclusivo de filmes independentes e socialmente relevantes para o público do Reino Unido. Além de seu papel no ICA, Nico Marzano é também fundador e diretor da FRAMES of REPRESENTATION (FoR), um laboratório de documentários criativos e do festival de cinema fundado em 2015 para promover a apresentação, produção e distribuição de novas visões do cinema. Nico tem sido palestrante convidado na Universidade Birkbeck de Londres, na Universidade de Kingston, na Universidade de Falmouth e tem dado palestras como orador principal em fora internacionais de festivais de cinema em todo o mundo.

A partir do mais recente filme de Salomé Lamas, Extinção, esta conversa irá apresentar a noção de suspeita, em primeiro lugar, como uma forma de investigação que Lamas aparentemente aplica na constituição do assunto dos seus filmes; e, em segundo lugar, como um sentimento profundo e penetrante de desconfiança que foi plantado em nossa sociedade, juntamente com alegações de veracidade, verdade, vigilância, localização, expectativa, risco e discriminação. Através da noção de suspeita, esta conversa abre uma leitura do filme onde se revelam estratégias de reflexividade e documentalidade que estão presentes no trabalho da realizadora.

Sara Magno é doutoranda em Estudos de Cultura no The Lisbon Consortium, na UCP, em Lisboa, e no Departamento de Artes e Estudos Culturais da Universidade de Copenhaga. Sara é mestre em Comunicação e Arte pela Universidade Nova de Lisboa com uma tese sobre A Imagem-Documento: Refigurações do Arquivo nos Filmes de Harun Farocki, Hito Steyerl e Filipa César, 2014. Atualmente, Sara está a desenvolver uma investigação sobre práticas documentais contemporâneas no contexto português, bem como na noção de documentalidade, baseada nas obras de Michel Foucault, Hito Steyerl e Maurizio Ferraris.