MNAC - Rua Capelo
entrada: Condições GeraisAmadeo de Souza-Cardoso / Porto Lisboa / 2016-1916
AMADEO DE SOUZA-CARDOSO. PORTO LISBOA 2016 - 1916
Conferência
14 de Janeiro |
16:00
“Porto, 1916”
Um olhar pelos recortes de imprensa da
década de 1910 ajudam a mapear a multiplicidade de iniciativas no meio
artístico e cultural do Porto, animado por vários espaços vocacionados para o
entretenimento. Um desses pólos de entretenimento, situado no centro da cidade
e com infraestruturas para acolher exposições, concertos e sessões de cinema,
era o Jardim Passos Manuel. Ao aprofundar a história e as especificidades deste
espaço onde Amadeo expôs há cem anos, lançam-se novas leituras sobre a
atribulada receção do pintor no Porto.
com Ana Paula Machado,
Elisa Soares, Sónia Moura e Marta Soares
moderação: Aida Rechena
sessão no MNAC
Ana Paula Machado é Licenciada em História – Variante História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Pós-Graduada em Museologia e Doutorada em História da Arte Portuguesa pela mesma Faculdade.
É, desde 1994, técnica superior no Museu Nacional de Soares dos Reis, desenvolvendo actividade com a coleção de ourivesaria e, desde 2000, com a coleção de pintura portuguesa dos séculos XIX e XX, com particular enfoque na produção artística da primeira metade do século XX.
Elisa Ribeiro Soares é licenciada em História – Variante História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Pós-Graduada em Museologia pela mesma Faculdade.
É técnica superior no Museu Nacional de Soares dos Reis, onde tem desenvolvido a sua actividade profissional principal, sendo a responsável pelas coleções de Pintura neste Museu. É neste contexto que tem desenvolvido investigação quer no âmbito da História da Arte quer no da Museologia, mais centrada nos séculos XIX-XX e na produção de pintores portugueses.
Sónia Moura (Guimarães,
1977) é licenciada em Arquitectura pela Universidade Lusíada do Porto
desde 2001.
Em 2003
concluiu o Mestrado em Estudos Artísticos - Estudos Museológicos e
Curadoriais pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, com a
dissertação Portugália - Uma Galeria Moderna no Porto dos anos 40,
na qual documentou a actividade da galeria Portugália, pioneira na apresentação
e divulgação regular de arte moderna no Porto. A partir dessa data, estuda
e investiga espaços expositivos e o seu impacto na cena artística e na história
da arte.
Marta Soares é licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e mestre em História da Arte pela mesma instituição com uma dissertação sobre Amadeo de Souza-Cardoso e a revista Orpheu.
Desde 2014, tem vindo a colaborar com várias instituições, como a Fundação Millennium bcp, a Imprensa Nacional Casa da Moeda e a Fundação Calouste Gulbenkian.
É curadora, com Raquel Henriques da Silva, da exposição “Amadeo de Souza-Cardoso / Porto Lisboa / 2016 – 1916” acolhida pelo Museu Nacional de Soares dos Reis e pelo Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado.
21 de Janeiro | 15:15
Aquário Vasco da Gama
“À descoberta da
Liga Naval de Lisboa”
Em Dezembro de 1916, um mês depois da
exposição no Porto, Amadeo de Souza-Cardoso inaugurou a sua exposição
individual em Lisboa, na Liga Naval Portuguesa, situada no Palácio
Calhariz-Palmela. Ao contrário do Jardim Passos Manuel, propenso a eventos
massificados, a Liga Naval no período da exposição de Amadeo era um espaço
elitista que acolhia temporariamente concertos, exposições e conferências. A
exposição de Amadeo ali instalada contrastava com uma exposição permanente de
história natural (a coleção oceanográfica de D. Carlos I, actualmente visitável
no Aquário Vasco da Gama) e dialogava com um enquadramento político
especialmente conotado com a reação à I República.
Após uma contextualização da história da Liga Naval Portuguesa e das actividades que acolheu, esta sessão procurará sondar ligações entre arte, arquivo e história natural, analisar duas conferências realizadas na Liga Naval e reequacionar a exposição de Amadeo em Lisboa a partir desta teia de relações.
com Fernando David e
Silva, João Oliveira Duarte, Manuel Deniz Silva, Pedro dos Santos
Sarreirita e Marta Soares
moderação: Margarida Brito Alves
sessão após visita, às 14:30, à
exposição "O príncipe que sonhava com o fundo do mar" orientada por
Maria José Pitta e Paula Leandro
2,50€
(inclui 50% de desconto na visita ao Aquário Vasco da Gama e entrada livre no Museu de Marinha)
Fernando David e Silva nasceu em 1947 e foi admitido na Escola Naval em 1965, onde se licenciou em 1969 em Ciências Militares-Navais. Fez uma carreira de 46 anos na Marinha. É licenciado em História (2008), mestre em História Marítima (2013) e doutorando em História Contemporânea na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É autor de conferências, comunicações, artigos e duas monografias na área da História, publicados em Macau e em Portugal. É membro efectivo da Academia de Marinha e investigador associado do Centro de Investigação Naval.
João Oliveira Duarte é licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, mestre em Estética pela FCSH-UNL e doutorando em História da Arte pela mesma instituição. Tem vindo a dirigir e a colaborar com revistas literárias e a publicar artigos em revistas científicas. De momento, investiga as relações entre arte, arquivo e história natural.
Manuel Deniz Silva é investigador integrado do INET-md (FCSH-UNL), onde coordena a linha temática “Música e Média”. Doutorado em Ciências Musicais, co-editou, com M. do R. Pestana, Indústrias de Música e Arquivos Sonoros em Portugal no Século XX: práticas, contextos, patrimónios(Câmara Municipal de Cascais e INET-md, 2014) e, com E. Buch e I. Contreras, Composing for the State: Music in 20th-Century Dictatorships (Farnham: Ashgate e Fondation Cini, 2016). É co-editor geral da Revista Portuguesa de Musicologia(Nova Série) e editor da revista Kinetophone, Journal of Music, Sound and Moving Image.
Pedro dos Santos Sarreirita é licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (2005). Participou, como investigador convidado do Centro de História da FLUL, no levantamento de dados para o projecto “Recursos para a História Marítima de Portugal 1200-1700”. Os principais interesses de investigação orbitam em torno da História Marítima e Militar.
Marta Soares é licenciada
em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
da Universidade Nova de Lisboa e mestre em História da Arte pela mesma
instituição com uma dissertação sobre Amadeo de Souza-Cardoso e a revista Orpheu.
Desde 2014, tem
vindo a colaborar com várias instituições, como a Fundação Millennium bcp, a
Imprensa Nacional Casa da Moeda e a Fundação Calouste Gulbenkian.
É curadora, com
Raquel Henriques da Silva, da exposição “Amadeo de Souza-Cardoso / Porto Lisboa
/ 2016 – 1916” acolhida pelo Museu Nacional de Soares dos Reis e pelo Museu
Nacional de Arte Contemporânea do Chiado.
“Amadeo, loucura, Orpheu, Almada”
Nalguma imprensa de 1916, a exposição
de Amadeo de Souza-Cardoso foi entendida como sintoma de loucura e eco da
revista Orpheu, que, no ano anterior,
tinha sido alvo de intensa polémica. Para além de acionar uma afinidade com Orpheu e o modo como os seus artistas
foram recebidos, a exposição de Amadeo em Lisboa proporcionou o encontro entre
Amadeo e Almada Negreiros. Dessa amizade, firmada em novembro e dezembro de
1916, resultou o livro K4 O Quadrado Azul
e o extraordinário apoio a Amadeo por Almada, que inaugurou, num manifesto, um
discurso apologético em torno do pintor e da exposição na Liga Naval. O
diagnóstico de loucura tão presente na crítica da época e o entusiástico
acolhimento de Almada Negreiros complementam a receção da exposição e cruzam-se
inevitavelmente com Orpheu.
com Stefanie Franco e
Mariana Pinto dos Santos
moderação: Fernando Cabral Martins
sessão após visita à exposição, às 15:00, orientada para a relação entre Amadeo e Orpheu por Marta Soares, curadora da exposição.
sessão no MNACStefanie Gil Franco é cientista social e mestre em Antropologia Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (2011). Atualmente trabalha a relação entre arte e loucura, na tese de doutoramento em História da Arte (FCSH-UNL): “Os imperativos da arte: encontros com a loucura em Portugal do século XX”.
Mariana Pinto dos Santos é historiadora da arte, doutorada em História e Teoria pela Facultat de Belles Arts, Universitat de Barcelona e investigadora integrada do Instituto de História da Arte, FCSH-UNL. É autora do livro Vanguarda & Outras Loas — Percurso Teórico de Ernesto de Sousa, Lisboa: Assírio & Alvim (2007), bem como de diversos estudos em catálogos e ensaios publicados em revistas, sobre história da arte contemporânea, modernidade e modernismo, teoria e historiografia da arte. É co-editora da Obra Literária de Almada Negreiros (Assírio & Alvim), da revista Intervalo (Pianola/Vendaval) e da chancela Pianola. É curadora da exposição de José de Almada Negreiros na Fundação Calouste Gulbenkian (Fevereiro-Junho 2017).
“O círculo da Corporation Nouvelle”
As exposições individuais de Amadeo de
Souza-Cardoso, no Porto e em Lisboa no final de 1916, surgem no rescaldo do
cancelamento uma série de projetos concebidos por um coletivo de artistas
idealizado por Robert e Sonia Delaunay, instalados em Portugal em 1915 e 1916. Corporation Nouvelle [Nova Corporação] foi o nome escolhido
para esse coletivo constituído pelo casal Delaunay, Amadeo, Eduardo Viana, José
Pacheko, Almada Negreiros, Blaise Cendrars, Apollinaire, entre outros artistas.
Perante este grupo, impõem-se algumas questões. Que base (técnica e formal) uniu, ou fez divergir, estes artistas? Que objetivos foram definidos inicialmente? Que estratégias de promoção e de redes internacionais se estabeleceram? E, finalmente, o que terá inviabilizado os projetos dos artistas portugueses com o casal Delaunay?
com Ana Vasconcelos e Joana Cunha Leal
moderação: Foteini Vlachou
sessão no MNAC
Ana Vasconcelos é conservadora especialista no Museu Gulbenkian – Coleção Moderna, actualmente responsável pela coleção de Pintura. Mestre em História da Arte pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (2001) e licenciada em História, variante de História da Arte, pela mesma Universidade. Trabalhou sobre vários artistas portugueses e internacionais, entre os quais Arshile Gorky, Dominguez Alvarez, Ana Hatherly, Ruy Leitão e os anos 1950/60 na Arte Britânica. Foi recentemente curadora da exposição O Círculo Delaunay (Fundação Calouste Gulbenkian, 2015).
Joana Cunha Leal (doutoramento 2006) é Professora Auxiliar do Departamento de História da Arte da FCSH-UNL e Investigadora Integrada do Instituto de História da Arte (IHA) da mesma Universidade. Atualmente, é directora do IHA (Instituto de História da Arte da FCSH-UNL) e responsável pela área de doutoramento em Teoria da Arte e pelo Grupo de Investigação Teoria, historiografia e crítica do mesmo instituto. Trabalha desde 2010 questões sobre modernismo, tendo o seu projecto de investigação “Other Modernisms? The case of Amadeo Souza Cardoso” recebido uma bolsa Fulbright. É investigadora principal do projeto Southern Modernisms financiado pela FCT (2014). Co-editou com Mariana Pinto dos Santos nº10 da Revista de História da Arte – práticas da teoria (2012). É igualmente co-editora do volume To and Fro: modernism and vercular architecture (2013; com M. Helena Maia e A. Cardoso). Foi bolseira do Stone Summer Theory Institute em 2010 e 2011. É autora de vários artigos, entre os quais se destaca um artigo de investigação no âmbito da exposição O Círculo Delaunay (Fundação Calouste Gulbenkian, 2015).
"Novas
perspetivas, memória e desvio: o intenso trabalho de Amadeo durante o período
da Corporation
Nouvelle"
É no exílio forçado em Portugal, a
partir de 1914, que o trabalho de Amadeo de Souza-Cardoso opera uma revisão das
principais problematizações das vanguardas modernistas de Paris que a sua
pintura havia experimentado num processo formativo e de descoberta.
Durante este período, sobretudo a partir de 1916, ensaia relações específicas entre cubismo, simultaneísmo e futurismo, posicionando-se gradualmente numa margem das tensões com que estes movimentos se confrontavam para construir a partir das relações que entre eles estabelece uma outra possibilidade para pintura modernista.
por Pedro Lapa
moderação: Joana Cunha Leal
sessão no MNAC
Pedro Lapa é diretor artístico do Museu Coleção Berardo e professor auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi durante 11 anos diretor do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado e de 2004 a 2008 curador da Ellipse Foundation. Entre 2008 e 2010 foi também professor convidado da Escola das Artes da Universidade Católica de Lisboa. É doutorado em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Comissariou muitas exposições em todo o mundo, das quais se destacam as retrospetivas de Amadeo de Souza-Cardoso (Museu Pushkin, Moscovo), James Coleman (MNAC- MC, Lisboa), Stan Douglas, Interregnum (Museu Coleção Berardo, Lisboa) ou as coletivas More Works About Buildings and Food (Hangar K7, Oeiras), Disseminações (Culturgest, Lisboa), Cinco Pintores da Modernidade Portuguesa (Fundació Caixa Catalunya, Barcelona; Museu de Arte Moderna, São Paulo). Em 2001 foi o curador da representação portuguesa à Bienal de Veneza. Foi coautor do primeiro catálogo raisonné realizado em Portugal, dedicado à obra de Joaquim Rodrigo e é autor de muitas publicações individuais sobre arte moderna e contemporânea, portuguesa e internacional. O Grémio Literário atribuiu-lhe o Grande Prémio de 2008 e o Ministro da Cultura de França, Frédéric Mitterrand, concedeu-lhe a distinção de Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres, em 2010.
Maria do Mar Fazenda em conversa com Daniel Melim, Dealmeida Esilva, Isabel Simões e Mariana Gomes
25 de Fevereiro | 16:00 | Átrio da Rua Serpa Pinto
"O que é uma cópia e o que é uma ilustração? As respostas de Amadeo na sua Légende de Saint Julien l’Hospitalier"
por Maria Filomena Molder
Em Abril de 1877, Gustave Flaubert publicou um pequeno volume intituladoTrois Contes, em rigor, a sua última obra acabada. O segundo conto chama-se “La Légende de Saint Julien l’Hospitalier”. Os outros são “Un coeur simple” e “Hérodias”. A ordem dos contos não é cronológica no que se refere à sua redacção. “La Légende” foi o primeiro a ser escrito, e numa celeridade inhabitual, entre Setembro de 1875 e Fevereiro de 1876. É provável que isso se deva à familiaridade longuíssima e intensa que ele teve com a história do santo: “Esta é a história de São Julião Hospitaleiro, mais ou menos como é contada num vitral de igreja, na minha terra”. Nestas palavras finais do conto Flaubert convida o leitor a uma investigação hermenêutica. Executadas durante a sua estadia na Bretanha no Verão de 1912 (muito provavelmente concluídas em Paris), ano de uma fertilidade imensa para o pintor, a cópia integral a pincel e a ilustração de Amadeo Souza-Cardoso correspondem àquele desafio: várias estadias por lugares flaubertianos, particularmente Pont-l’Abbé e Rouen, e o desenvolvimento do interesse pelos primitivos e pela heráldica medieval.
Na verdade, nos anos que antecedem 1912, e culminando na intensidade inesgotável desse ano, Amadeo Souza-Cardoso anda a ocultar a vibração das emoções através da concentração no desenho, ascese bem conhecida de Flaubert. Ambos sabem que a vibração é espontânea e o desenho um esforço, e é precisamente o desenho que protege a vibração de se auto-devorar. Na Légende de Saint Julien l’Hospitalier, a substância reflexiva esmaltada e absorvente, própria do estilo flaubertiano, faz de cada parágrafo, e mesmo de cada período, um vitral bem delimitado, brilhante, coeso e mágico. Nenhum artista leitor de Flaubert compreendeu melhor isto do que Amadeo Souza-Cardoso.
Por um lado, a inspiração do seu Saint Julien vem claramente da arte dos copistas medievais, mas a cópia é já por si própria interpretação: eis a novidade desta obra singular. Por outro lado, entre as palavras copiadas a pincel e os desenhos vemos soltarem-se subtis e secretas interferências, impedindo que a ilustração se afogue no sentido repulsivo que Flaubert lhe atribui. Se é impossível provar que Amadeo o conhecesse, é seguríssimo que o seu “exemplar único-original” não correspondia aos padrões correntes do que fosse uma ilustração, inscrevendo-se num contexto moderno de experimentação das relações entre escrita e pintura, no seu caso inseparáveis da questão da identidade. E é precisamente neste ponto que o trabalho de copista, intérprete visionário e ilustrador, de Amadeo se revela poderoso.
moderação: João Oliveira DuarteMaria Filomena Molder Professora catedrática em Filosofia da UNL. Últimas publicações: O Químico e o Alquimista. Benjamin lecteur de Baudelaire, Relógio d’Água, Lisboa, 2011. Prémio Pen-Clube 2012 para o ensaio. As Nuvens e o Vaso Sagrado, Relógio d’Água, Lisboa, 2014. "Amadeo de Souza-Cardoso et La Légende de Saint Julien L’Hospitalier de Flaubert”, Fundação Calouste Gulbenkian, 2016. Depósitos de Pó e Folha de Ouro, Lumme, São Paulo, 2016. Rebuçados Venezianos, Relógio d’Água, Lisboa, 2016.“Was weiß Louise Bourgeois, das ich nicht weiß?”, Lettre International Nº114, Herbst 2016, Berlin.