Entrada Livre
Almada no Chiado, 120 anos do nascimento do artista
Apresentação da exposição
Almada no Chiado
José de Almada Negreiros nasceu a 7 de Abril de 1893 em S. Tomé e Príncipe, à época colónia de Portugal, e morreu em Lisboa, a 15 de Junho de 1970.
Múltiplo nos talentos – poeta e escritor, bailarino e actor, desenhador e pintor – foi múltiplo nas procuras de modernidade, entendida esta como profunda questionação pessoal mais do que mera aparência – o corrosivo desenho de humor, os violentos poemas futuristas na década de 1910, a pintura e o desenho de elegâncias urbanas na década de 1920, a sólida construção clássica dos desenhos e pinturas murais de 1930 e 1940, as procuras finais da abstracção geométrica e do número absoluto nas de 1950 e 1960.
O Museu Nacional de Arte Contemporânea, fundado em 1911, só com a direcção do escultor Diogo de Macedo, entre 1944 e 1959, é que passa a coleccionar para o Estado, com atenção crítica, obras de produção actual dos artistas modernos em Portugal.
Contudo, foram adquiridos, ainda em 1941, três desenhos do artista, dois na frente e verso de uma mesma folha – Arlequim com mulher, de 1929, e A sesta de 1939 – e outro de Bailarina descansando de pé, 1934. Foi o seu reconhecimento nos quadros da Politica de Espírito que promoveu a imagem moderna do Estado Novo a partir de 1933.
Entre 1946 e 1952, foram adquiridos os desenhos Duas figuras, 1944, Rapariga debruçada sobre uma mesa, 1939, momentos intimistas de leitura e de divagação sobre uma leitura interrompida; uma Varina, 1946, sólida imagem do povo, e Acrobatas, 1947, o arabesco do desenho apontando a abstracção através dos planos de cor.
Renovado o Museu Nacional de Arte Contemporânea em 1994, designado então Museu do Chiado, foi adquirido o notável Interior, 1948, a José Augusto França, crítico e historiador da Arte, autor da primeira monografia sobre a sua obra, 1963.
É uma pintura de síntese do seu pensamento artístico: o desenho omnipresente, figuras neo-cubistas num interior sombreado, alongadas formas expressionistas, recortadas em texturas gráficas numa atmosfera de sombra e luz, tendencialmente sem figura.
O Chiado é, desde o Romantismo, lugar da Arte Moderna em Lisboa.
Almada Negreiros foi um dos maiores protagonistas da modernidade portuguesa no século XX e muita da sua vida se viveu no Chiado, entre o Grémio Literário, 1912, o Teatro da República, 1917, o café A Brasileira, 1925, a Galeria UP, 1933, a Casa Quintão, 1936; a Cooperativa Gravura, 1963, o Teatro de S. Carlos, 1965, e, em acto consagratório, a Academia Nacional de Belas Artes, 1966.
Almada estará sempre no Chiado, também através das suas obras neste Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado.
Paulo Henriques
Director do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado