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Outros olhares
Novos projectos
Ana Vidigal, Rodrigo Oliveira, António Olaio, Xana
"NOVA ASSEMBLEIA e algumas próteses" - Xana
Olhar o MNAC - Museu do Chiado, que conheço desde que frequentei a ESBAL como estudante do curso de Artes Plásticas, para pensá-lo, levou a uma necessidade imperiosa de recriar este lugar. Estranhamente não o visitei muitas vezes, por não se cruzar com a minha paisagem contemporânea, porque a vida é sempre muito mais interessante que abrir as caixas das memórias, porque tenho saudades das pessoas e não tanto da clausura dos templos.
Mas, como acredito que os museus podem ser espaços abertos e que criar é intervir no nosso tempo e território, proponho a colocação de caixas/módulos que constroem as bancadas de uma "NOVA ASSEMBLEIA" para que possamos estar no espaço museológico de outro modo, noutra arquitectura.
Esta construção surge na sequência de diversas obras anteriores, como: a “Assembleia” realizada no jardim da Fundação Gulbenkian, o “Arco de Triunfo” instalado numa avenida de Barcelona ou o “Muro de Lisboa” construído em praias do Algarve. Obras que questionam a representação da arquitectura ligada ao exercício do poder e propõem a ideia da edificação de um lugar alternativo, e como também alguns movimentos sociais, experimentam uma utopia transitoriamente realizada.
Neste projecto sobreponho cerca de seiscentas caixas industriais, em anfiteatro, para nos sentarmos e revermos algumas pinturas do museu, escolhidas de forma intuitiva num conjunto de obras que percorrem o inicio da colecção até à data do meu nascimento,1959.
Sobre a Assembleia estão presentes alguns objectos e palavras ditas por mim e pelos outros: sobre arte, os museus, a sociedade… como que despojos de uma memória, de declarações sobre esses temas que aconteceram, e ali vão ficando para pensarmos/agirmos sobre o mundo. Esperando que os objectos, as palavras, sejam - como disse J.L. Godard num filme - “aquilo que permite religar, passar de um sujeito a outro, logo de viver em sociedade, de estar em conjunto".
Porque as palavras não explicam tudo.
Porque o mundo encerra mistérios que quando são percebidos nos intrigam mais.
Porque a arte é a liberdade livre que é ideia poética.
Janeiro de 2012
Xana
Xana nasceu em Lisboa em 1959 e licenciou-se em Artes Plásticas pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em 1984, ano em que passa a residir em Lagos, no Algarve. É co-autor do projecto de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade do Algarve onde é professor convidado desde 2004.
Como artista visual realizou desde 1981 diversas exposições, cenografias ou intervenções em espaços públicos. Em 2005 a Culturgest, em Lisboa, apresentou uma selecção antológica das suas obras, intitulada "Arte Opaca e Outros Fantasmas".
Nos últimos cinco anos tem centrado o seu trabalho artístico na criação de instalações/construções temporárias de arte pública. Nesse âmbito realizou em 2009 um grande “Arco do Triunfo” no Passeio de Gràcia em Barcelona. Apresentou em 2010, nos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, a instalação "Assembleia", integrada na exposição “Res Publica”. E depois da “Nova Assembleia e algumas próteses” no Museu do Chiado”, construirá na primavera de 2012, no futuro parque de esculturas de Vila Nova da Barquinha, a intervenção escultórica “Uma Casa no Céu”.
A obra de Xana tem desenvolvido uma autoria formalmente pluridisciplinar, que se manifesta, ultimamente, em obras híbridas entre a instalação escultórica e a arquitectura efémera, e que conceptualmente afirmam um discurso poético, predominantemente visual. A sua obra caracteriza-se, desde o final dos anos 80 do século XX, pela utilização de objectos industriais que são recontextualizados em obras que “experimentam uma utopia transitoriamente realizada”, como diz o artista no texto de apresentação da “NOVA ASSEMBLEIA”.
(outras informações em www.xana.tv)