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Cinema arte

O Muro de Berlim – Espelho da História da Alemanha

2009-11-10
2009-11-29
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PRECISA REVISÃO

PROGRAMA

[PROJECÇÕES EM MONITOR TV]
10 a 29 Nov

Die tödliche Doris: Naturkatastrophenballett (1983) e Naturkatastrophenkonzert (1983), 1’ 30’’ e 6’, alemão
Os videoclips Naturkatastrophenballett e Naturkatastrophenkonzert da banda Die Tödliche Doris, fundada em 1980 em Berlim por três estudantes de arte, podem ser entendidos como um projecto de arte vídeo; no Postdamer Platz, muito próximo do Muro, ou seja, na zona central de Berlim, a banda coloca em cena o centro esvaziado da cidade, apontando o dedo para a contínua negação do “outro lado”, praticada por ambas as partes.

Ramona Köppel-Welsh: Konrad! Sprach die Frau Mama (1989), 9’ 26’’ p/b, s/som
Esta colagem fílmica é um dos poucos documentos (ilegais) que nos mostram imagens provenientes do lado oriental do Muro. A realizadora consegue reunir e montar em breves sequências encenadas, antigas cenas filmadas por amadores e imagens secretamente captadas da fronteira entre as duas Alemanhas. Surge, assim, um poema filmado de uma densidade claustrofóbica, sobre a vida emparedada no leste da Alemanha.

Hito Steyerl: Die leere Mitte / The Empty Center (1998), ‘62’, alemão, legendado em inglês
Ao longo de oito anos Hito Steyerl observa as transformações arquitectónicas e políticas ocorridas no Postdamer Platz. Durante décadas a grande praça central tinha permanecido abandonada, até que o centro do poder político voltou a instalar-se em Berlin Mitte. Simultaneamente, há pessoas que são empurradas para a periferia da cidade. A história da Praça torna claro que desde sempre foi necessária uma demarcação contra emigrantes e minorias, para que um poderoso centro da Nação pudesse ser edificado. O filme, contudo, esforça-se por dar voz e história àqueles que continuam excluídos desse centro.

Judith Hopf/Katrin Pesch: The Uninvited (2005), 16’, alemão, legendado em inglês
The Uninvited é um retrato quase documental de um dia de uma jovem família, que passeia pela “Neue Mitte” (“Novo Centro”) de Berlim. As realizadoras focam os efeitos que as transformações do antigo bairro dos celeiros – situado no centro geográfico da cidade e cenário da subcultura e da cena artística – têm sobre os seus habitantes.

Lars Laumann: Berlinmuren (2009), 24’, inglês
O filme debruça-se sobre uma relação particularmente invulgar: a história de amor entre o muro de Berlim de Elja-Riita e o verdadeiro Muro de Berlim. A abordagem não é em primeira linha documental, já que o realizador se deixa conduzir por um interesse genuíno, que sabe respeitar os aspectos específicos dos fenómenos sociais marginalizados. O realizador não se ocupa apenas com as estranhas deformações da cultura popular contemporânea, mas também com a sua génese e com os condicionalismos existentes na sociedade que as motivaram.    

Sven Johne: The Tears of the Eyewitness (2009), 22’, inglês, legendado em alemão
O filme concentra-se na construção das recordações: para um documentário televisivo americano sobre a Queda do Muro, pretende-se produzir material com a necessária consistência emocional. Antes do início das verdadeiras filmagens, um treinador motivacional trabalha com o actor, sensibilizando-o para o seu desempenho ao focar certos acontecimentos ocorridos em Leipzig que conduziram ao colapso da RDA e à queda do Muro. Todas essas ocorrências são recapituladas recorrendo a uma forma narrativa.

[PROJECÇÕES EM ÉCRÃ]

10 a 15 Nov
Gerd Conradt: Ein_Blick (1986), 11’, só música
Gerd Conradt monta a sua câmara junto de uma janela num prédio em Berlim Ocidental e aponta-a para um outro prédio na parte oriental da cidade. Entre os dois edifícios encontra-se o Muro. Ao longo de 12 horas, a câmara captou uma imagem por segundo, documentando assim as diferenças entre as duas realidades quotidianas.

17 a 22 Nov
Thomas Arslan: Am Rand (1991), 24 min’
No seu trabalho final para a dffb, a escola superior de cinema de Berlim, o realizador de origem alemã e turca Thomas Arslan desloca-se ao longo da faixa do Muro, entretecendo imagens e sítios actuais com as suas recordações do tempo em que o Muro ainda lá estava. A narrativa de Arslan não se alimenta das necessidades de construção causal de um plot, mas antes de um insistir na observação, da dinâmica própria dos espaços e dos movimentos que neles se manifestam.

24 a 29 Nov
Shinkichi Tarjiri: Berlin Wall (1969/70), 20’ 35”, p/b, s/som
Nos finais dos anos 60, Shinkichi Tarjiri, um artista de origem japonesa, nascido nos EUA e posteriormente residente em Paris e na Holanda, veio para Berlim com uma bolsa do DAAD. Influenciado por uma forte ligação aos antigos membros do grupo de artistas CoBrA (Constant, Asger Jorn, Karel Appel, entre outros), Tarjiri debruçou-se, durante esses anos, sobre a relação entre a expressividade e a emocionalidade, o racional e o irracional e subconsciente, bem como sobre a influência que o espaço público exerce sobre o indivíduo e a sua produção artística. Realizado poucos anos após a construção do Muro, o filme documenta a sua tentativa de reflectir sobre os efeitos dessa dramática intervenção arquitectónica e construtiva.

SESSÃO ESPECIAL
18 Nov 19h30

KP Brehmer – Walkings I-VI (1969/70), 15’, p/b, inglês
Partindo do exemplo concreto do Muro de Berlim, o filme experimental investiga, em seis sequências, a relação entre espaço e tempo e a que se estabelece entre um local e a identidade. As sequências coincidem com experiências que Brehmer realiza com a sua câmara. Por exemplo, o seu amigo Stanley Brown tinha-lhe pedido, após um passeio que ambos fizeram numa visita à cidade, que voltasse a filmar o passeio que haviam dado ao longo do Muro. Para um outro Walk, o realizador tenta conjugar o factor tempo com a distância percorrida, ao caminhar em direcção ao Muro.

Cynthia Beatt: The Invisible Frame (2009), 60’, inglês/alemão, legendado em português
Em 1988 Cynthia Beatt e Tilda Swinton fizeram uma viagem de bicicleta e seguiram o curso do Muro de Berlim. Foi assim que surgiu a curta-metragem Cycling the Frame, que se tornou um invulgar documento histórico (este filme de 1988 é apresentado no âmbito do ciclo de cinema no Goethe-Institut – ver em cima). Agora, a realizadora e a actriz aproveitaram a oportunidade para repetir a viagem e rever a linha que o Muro cortou através do tecido urbano da cidade: The Invisible Frame.

Marcel Broodthaers: Berlin oder ein Traum mit Sahne (1974), 10’, sem som
Durante os seus tempos de bolseiro do DAAD em Berlim, Marcel Broodthaers dedicou-se a filmar o quotidiano na parte ocidental da cidade. Sequências das ruas do bairro de Charlottenburg alternam com imagens do próprio Broodthaers – a fumar, a ler com os óculos besuntados de natas. Este filme é simultaneamente um auto-retrato e uma homenagem do artista à cidade que o acolheu.