Vespeira, Noctívolo, 1951
Vespeira, Noctívolo, 1951

MNAC

entrada: Condições Gerais

Vespeira

2000-06-29
2000-09-24
Curadoria: David Santos
APRESENTAÇÃO     

Meio século passado sobre os começos da pintura de Marcelino Vespeira, o Museu do Chiado apresenta a primeira retrospectiva da sua obra. Este artista foi um dos nomes maiores da pintura surrealista portuguesa, capaz de actualizar essa poética com as renovadas práticas de uma segunda geração internacional, que sobretudo no continente americano, durante o pós-guerra, explorava novas possibilidades e linguagens que a poética surrealista permitia.
Num Portugal completamente desfazado e desinformado de quaisquer contextos artísticos contemporâneos, Vespeira participa como protagonista entre outros de uma geração que assume plenamente o modernismo como um facto generalizado a toda a prática artística. De resto a pluralidade de movimentos que surgem com a sua geração, travando confrontos entre si, denota sobretudo urna ultrapassagem definitiva das peias naturalistas que circunscreveram e limitaram os escassos vislumbres das gerações precedentes.
A obra de Vespeira não se quedou pelo surrealismo - embora tenha sido o seu pintor - e consciente das possibilidades e desenvolvimentos desta prática encaminhou a sua pintura para uma pesquisa das espacialidades inerentes de natureza óptica e que José­ Augusto França teorizou como "espaço elástico". De facto a abstracção da década de 50, em que Vespeira é uma vez mais um dos protagonistas, revela-se um caminho de profusas experiências, muito diversas, mas que nas suas vertentes mais orgânicas não podemos esquecer um conjunto de sistemas herdados do surrealismo. Por aí se fez um trânsito fundamental da arte portuguesa e não só; de Vespeira o foi certamente com uma declarada tenacidade.
O erotismo que atravessa a sua pintura, a configura, a revela enquanto corpo ou campo de muitas pulsões, assume uma dimensão que torna tímido o de Eduardo Viana, que noutra geração experimentou singularmente a sensualidade da pintura e certamente que não por acaso foi seu companheiro de tertúlias e touradas. Assim, a fase final da obra de Vespeira é um desvelamento sem compromissos da carnalidade da pintura enquanto ilimitada superfície de prazer sempre metaforizando o sexo, porque todo o erotismo é metáfora de um absoluto.
Acompanha esta exposição um vasto catálogo da obra do artista amplamente escudada e reflectida por um ensaio que o seu autor e comissário David Santos organizou e que certamente será um marco na bibliografia sobre Vespeira. Rui Afonso Santos na continuidade do exaustivo levantamento que tem vindo a realizar sobre a história do design em Portugal não poderia esquecer o importantíssimo trabalho gráfico de Vespeira e tão pouco relevado. O ensaio que redigiu revela uma faceta complementar do artista. O trabalho de coordenação de toda a edição que possibilitou atingir o rigor desejado foi da responsabilidade de Nuno Ferreira de Carvalho, pelo que gostaria de o louvar. A realização da extensa campanha fotográfica foi da responsabilidade da Divisão de Documentação  Fotográfica  do  IPM. A toda a equipa do Museu do Chiado, que trabalhou nas mais diversificadas áreas para que o catálogo e a exposição se realizassem dentro dos mais elevados padrões de qualidade, como a obra do artista o merecia, quero frisar o meu vivo agradecimento.
Mas é sobretudo  a Marcelino Vespeira com  os seus importantes esclarecimentos, disponibilidade absoluta, memória, bom humor e grande amizade que quero expressar os meus agradecimentos e a minha profunda admiração.

Pedro Lapa
Director do Museu do Chiado

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